UM ENDEREÇO, UMA VIDA, UMA HISTÓRIA. Os endereços de personalidades brasileiras ou estrangeiras que moraram na cidade do Rio de Janeiro, ao longo dos tempos.
sexta-feira, 21 de junho de 2019
domingo, 16 de junho de 2019
AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA
. Praia de Botafogo, 48 - Botafogo

Aurélio Buarque de Holanda (1910-1989 )virou sinônimo de dicionário. Seu sucesso transcendeu à sua morte e o nome "Aurélio" significa dicionário. Em 1941 executou um trabalho lexicográfico, colaborando com o Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa. Daí em diante, tornou-se um dicionarista de inquestionável sucesso, tanto que para referir-se a dicionário, todos dizem simplesmente "Aurélio".

Escritor, lexicógrafo, tradutor, filólogo e crítico, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira nasceu em Passo de Camaragibe, Alagoas, em 1910, onde iniciou seus estudos e seu interesse pela língua e literatura portuguesas. Embora formado em Direito pela Universidade do Recife, dedicou-se ao magistério, lecionando português, francês e literatura nos colégios Anglo-Americano e Pedro II, na Fundação Getúlio Vargas e no Instituto Rio Branco.
Paralelamente à sua dedicação aos dicionários, Aurélio Buarque de Holanda escreveu, organizou e colaborou na publicação de várias obras, além de traduzir diversos autores consagrados, como Charles Baudelaire, Gustave Flaubert, Pablo Neruda, entre outros.
De seu livro de contos e crônicas “Dois Mundos”, publicado em 1942 e premiado pela Academia Brasileira de Letras em 1944, destaca-se o antológico “O Chapéu de Meu Pai”, traduzido em vários idiomas.
“Meus olhos se cravam no chapéu. Está no cabide tal como meu Pai o usava - quebrado para a frente - o chapéu marrom, comum, de abas debruadas, o chapéu de meu Pai.
O chapéu fica sozinho, até o dia seguinte, pois geralmente meu Pai não sai de casa à noite de uns tempos para cá. A gente olha o porta-chapéus e adquire a certeza de que o dono da casa não saiu. Não é só porque vê o chapéu: é porque vê a pessoa. Se nos descuidarmos, diremos, apontando o chapéu: - Olhe Seu Manuel ali."
Contratado pelo Ministério das Relações Exteriores, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1938 e, de 1947 a 1960, foi responsável pela seção “O Conto da Semana”, no Suplemento Literário do Diário de Notícias do Rio de Janeiro, com a colaboração do amigo Paulo Rónai.
Com Paulo Rónai, Aurélio organizou e traduziu os dez volumes da coleção Mar de Histórias, antologia do conto mundial, que teve seu primeiro volume publicado em 1945. Participou, entre 1944-49, da Associação Brasileira de Escritores, foi membro da Academia Brasileira de Filologia, do Pen Clube do Brasil, do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, da Academia Alagoana de Letras e da Hispanic Society of America. A partir de 1950, foi responsável pela seção "Enriqueça seu Vocabulário", da revista Seleções, do Reader's Digest. Oito anos depois, todos os seus artigos foram reunidos em um livro, que levaria o mesmo nome.
Em 1961, foi eleito para ocupar a cadeira número 30 da Academia Brasileira de Letras e, em 1986, recebeu o Prêmio Jabuti de Personalidade Literária do Ano, concedido pela Câmara Brasileira do Livro.
Casado desde 1945 com Marina Baird (foto ao lado), sua fiel colaboradora, Aurélio Buarque de Holanda faleceu no Rio de Janeiro, no dia 28 de fevereiro de 1989.
quarta-feira, 12 de junho de 2019
LINDA BATISTA
. Rua Barata Ribeiro, 625 - Copacabana
Linda Batista (1919-1988) - Florinda Grandino de Oliveira - fez muito sucesso como cantora entre os anos 1930 e 1950, mas sucumbiu às mudanças ocorridas no cenário musical na década de 1960. Irmã de outro mito radiofônico, Dircinha Batista, Linda era querida pela alta sociedade e pelos intelectuais, autêntica representante da fase áurea do rádio carioca.
No próximo dia 14 de junho
comemora-se seu centenário.
Nasceu em São Paulo, por exigência da avó, que era paulista e muito supersticiosa. Mas cresceu e estudou nos melhores colégios religiosos do Rio de Janeiro. Aos 10 anos começou a aprender violão com o cantor Patrício Teixeira e acompanhava a irmã em apresentações na Casa do Estudante. Aos 17 anos, por um mal estar, desmaio, de Dircinha, substituiu-a, estreando como cantora no programa que Francisco Alves fazia na Rádio Cajuti, interpretando Malandro, de Claudionor Cruz. Obteve sucesso, sendo convidada para outras apresentações nessa emissora. Assim começava sua carreira.
As irmãs Batista, Linda à direita.
Tornou-se crooner da orquestra de Kolman, no Cassino da Urca - onde sucedeu Carmen Miranda, apresentando-se três vezes por noite - e, em 1937 foi eleita pela 1ª vez Rainha do Rádio, título que manteve por onze anos consecutivos. Em 1938, pela Odeon, lançou seu 1º disco.
Foi atração dos programas de auditório de César de Alencar e Manoel Barcellos. Com um grito de guerra — "Ôba!" — entrava no palco para deliciar seus fãs com sucessos de autores que lançou, como Lupicínio Rodrigues. "Vingança", dele, foi gravada ao final de uma paixão de Linda que durou 15 anos, e "Risque", um presente do amigo Ary Barroso, para quem ela comprou um piano.
Também recebeu da UBC e da SBACEM o troféu Noel Rosa, por gravar exclusivamente música brasileira.
Mas foi se afastando a partir dos anos 1960 das atividades artísticas. E só gravou músicas de carnaval, como o sucesso Quero morrer no Carnaval, de Eurico Campos e Luiz Antônio, em 1961.
Na década de 70, o mercado de discos transformou-se , vozes como as das irmãs Batista perderam a vez. Ainda em 1984, Linda se apresentou no Circo Voador no show "Vozes do Brasil", cantando com Ademilde Fonseca, Moreira da Silva e Isaurinha Garcia. Na ocasião, anunciou que pretendia lançar sua autobiografia, "Catete 317".
Linda Batista morreu na madrugada de 17 de abril de 1988, vítima de embolia pulmonar, aos 68 anos, no Hospital Evangélico, na Tijuca.
Uma peça de 1998 - Somos Irmãs - foi grande sucesso nos palcos e uma homenagem às Irmãs Batista (Linda e Dircinha). Estreou em 27 de março no Centro Cultural Banco do Brasil e transferiu-se em julho para o Teatro Ginástico, mantendo sempre lotação esgotada. Nos papéis principais, Suely Franco e Nicette Bruno.
Mas depois de tantas glórias, viveu tempos muito difíceis ao lado das irmãs Dircinha e Odete, após a morte de sua mãe, Dona Neném, em 1975. Estrelas da música brasileira na década de 30, esquecidas pelo público foram se desfazendo do patrimônio para o sustento. Três apartamentos foram vendidos, a coleção de joias e os casacos de pele tiveram o mesmo destino.
Linda Batista foi nossa vizinha ilustre em Copacabana na Rua Barata Ribeiro 625, para onde mudou com a mãe e as irmãs em 1953.
Linda Batista foi nossa vizinha ilustre em Copacabana na Rua Barata Ribeiro 625, para onde mudou com a mãe e as irmãs em 1953.
Linda Batista voltou ao noticiário em 1985, comovendo todo o país: médicos, bombeiros e policiais a tiraram à força do apartamento de Copacabana, - juntamento com as irmãs Dircinha e Odete - depois que Linda, durante um surto psicótico, tentou agredi-las. Após três meses de internação e tratamento médico, mais magra e livre do alcoolismo e da depressão, Linda deixou a clínica. Depois de recuperadas, no entanto,as irmãs decidiram viver em reclusão absoluta, confinando-se no apartamento da Rua Barata Ribeiro, que já abrigara 200 convidados para feijoadas nos fins de semana dos tempos áureos.
Linda Batista morreu na madrugada de 17 de abril de 1988, vítima de embolia pulmonar, aos 68 anos, no Hospital Evangélico, na Tijuca.
"'Linda morreu de tristeza,
abandonada e na miséria".
abandonada e na miséria".
palavras da cantora Marlene
Uma peça de 1998 - Somos Irmãs - foi grande sucesso nos palcos e uma homenagem às Irmãs Batista (Linda e Dircinha). Estreou em 27 de março no Centro Cultural Banco do Brasil e transferiu-se em julho para o Teatro Ginástico, mantendo sempre lotação esgotada. Nos papéis principais, Suely Franco e Nicette Bruno.
Curiosidades
Em reportagem de 4 de julho de 1983,
declarou
sábado, 1 de junho de 2019
ANTÔNIO HOUAISS
. Av Epitácio Pessoa, 4560 - Lagoa

Os que com ele conviveram sempre des tacam que desde a juventude, todo o saber, a cultura humanística mesclada com generosidade e afeto, conjunto de qualidades sempre ampliadas a cada momento de sua vida, ele compartilhava com os próximos, e nunca, por saber mais, quis impor ideias políticas aos discípulos.
Por ocasião do centenário de Antonio Houaiss em 2015, o acadêmico Eduardo Portela falou que
"...temos o dever de homenageá-lo
enquanto escritor, enquanto crítico literário, e enquanto referência cidadã.
Ele
soube ser um cidadão brasileiro."
Certa vez disse que
"A cultura é tudo o que a humanidade faz
dentro de um contexto:
é
transmissão, é produção e também é performância,
tudo ao mesmo tempo.
A nossa cultura está sendo impotente
para a modernidade."
Houaiss fez um dicionário histórico, isto é, um dicionário que procurou acompanhar o vocábulo desde a sua primeira datação. "O Dicionário do Aurélio saiu eminentemente literário, exemplificando as acepções dos seus itens lexicais com textos extraídos da nossa literatura". Os dois dicionários se completam .

Colaborou na imprensa do Rio de Janeiro e de São Paulo, tendo sido redator do Correio da Manhã (1964-1965).
Na carreira diplomática, por concurso de provas em 1945, foi vice-cônsul do Consulado Geral do Brasil em Genebra (1947 a 1949), servindo também como secretário da delegação permanente do Brasil em Genebra, junto à Organização das Nações Unidas
Coube a Antônio Houaiss, importante técnico e conhecedor da língua a tarefa de criar as regras para a Comissão Machado de Assis que representou à preservação da memória da literatura clássica brasileira. Foi o quinto ocupante da cadeira 17, da Academia Brasileira de Letras, eleito em 1º de abril de 1971, na sucessão de Álvaro Lins, e recebido pelo acadêmico Afonso Arinos de Melo Franco em 27 de agosto de 1971.
Antônio Houaiss casou-se em 1942 com Ruth Marques de Salles e não teve filhos. A esposa faleceu em 1988, e ele quase 11 anos depois.
Foi nosso vizinho ilustre na Av Epitácio Pessoa, 4560 apartamento 1302 , na Lagoa.
Curiosidades
. A gastronomia era uma paixão de Antônio Houaiss.
Estudava com carinho as diversas variedades da comida brasileira, considerada por ele como um dos itens culturais. A partir dessa relação com a boa culinária, escreveu os livros Magia da cozinha e Receitas rápidas 81 receitas de (até) 18 minutos, resultado de suas experiências como cozinheiro. Ficaram famosas as reuniões que promovia, onde se degustavam pratos atraentes e saborosos, com destaque para uma das suas especialidades: a moqueca capixaba.
Ele se gabava de ter a capacidade de fazer diversos pratos ao mesmo tempo, para atender dezenas de pessoas, sem nenhuma ajuda, e com um diferencial de fazer inveja a uma dona de casa ou aos chefs de grandes restaurantes: deixava a cozinha limpíssima.
. Antônio Houaiss era um apreciador da cerveja
Para eternizar essa relação, nos legou o livro A cerveja e seus
mistérios, contando a história da bebida desde os seus primórdios até chegar aos tempos modernos.
Mas ele fazia questão de deixar bem claro: no sentido estrito – até por disposições legais inequívocas : só é cerveja a bebida elaborada com malte, água, lúpulo e levedo.
Antônio Houaiss casou-se em 1942 com Ruth Marques de Salles e não teve filhos. A esposa faleceu em 1988, e ele quase 11 anos depois.
Foi nosso vizinho ilustre na Av Epitácio Pessoa, 4560 apartamento 1302 , na Lagoa.
Curiosidades
. A gastronomia era uma paixão de Antônio Houaiss.
Estudava com carinho as diversas variedades da comida brasileira, considerada por ele como um dos itens culturais. A partir dessa relação com a boa culinária, escreveu os livros Magia da cozinha e Receitas rápidas 81 receitas de (até) 18 minutos, resultado de suas experiências como cozinheiro. Ficaram famosas as reuniões que promovia, onde se degustavam pratos atraentes e saborosos, com destaque para uma das suas especialidades: a moqueca capixaba.
Ele se gabava de ter a capacidade de fazer diversos pratos ao mesmo tempo, para atender dezenas de pessoas, sem nenhuma ajuda, e com um diferencial de fazer inveja a uma dona de casa ou aos chefs de grandes restaurantes: deixava a cozinha limpíssima.
. Antônio Houaiss era um apreciador da cerveja

mistérios, contando a história da bebida desde os seus primórdios até chegar aos tempos modernos.
Mas ele fazia questão de deixar bem claro: no sentido estrito – até por disposições legais inequívocas : só é cerveja a bebida elaborada com malte, água, lúpulo e levedo.
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