domingo, 15 de setembro de 2019

IBRAHIM SUED


Nesse mês de setembro,
NOSSOS VIZINHOS ILUSTRES
que desenharam a crônica social carioca.



  . Rua Joaquim Nabuco, 258 apto 201 - Ipanema  

Uma mistura de malandro com aristocrata, Ibrahim Sued (1924-1995) foi um dos mais importantes colunistas sociais brasileiros, e tornou-se conhecido pelos seus famosos bordões:
“De leve“, 
“Ademã que eu vou em frente“, 
“Olho vivo, que cavalo não desce escada”, 
“Os cães ladram e a caravana passa”
dentre outros.


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Além de um jeito de falar diferente e de gestos marcantes, parecia que conseguia atrapalhar-se ao dar uma notícia.

Nascido em uma família muito pobre, Ibrahim era filho de imigrantes árabes e morava no bairro do Botafogo. Tendo concluído somente o primeiro grau (o antigo ginasial), aos 17 anos começou a trabalhar no comércio, mas, devido aos frequentes atrasos, acabou dispensado. Morou também em muitas pensões baratas de Copacabana, antes de se tornar famoso.

Exerceu várias atividades até conseguir, em 1946, um emprego de repórter fotográfico, dando plantão nas redações das sete da noite às sete da manhã. Enviado para fotografar a visita do general americano Dwight Eisenhower ao Brasil, conseguiu um clique que o tornou famoso.

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Percebendo que algo diferente estava para acontecer, preparou a máquina e conseguiu fotografar o momento em que o líder da UDN, Otávio Mangabeira, fez um gesto dando a impressão de que ia beijar a mão de Einsehower. Muitos críticos utilizaram a foto para combater o chamado “servilismo” brasileiro em relação aos Estados Unidos.

Entretanto, a foto apenas criava uma “ilusão de ótica” devido ao ângulo em que os dois personagens se posicionavam. Na realidade, Mangabeira estava apenas cumprimentando o americano. Ilusão ou não, foi a partir desta foto  - publicada na capa do jornal O Globo no dia 9 de agosto de 1946 - 
que sua sorte como fotógrafo mudou. Começou a trabalhar com Joel Silveira na revista Diretrizes e travou contato com a nata da sociedade carioca, passando a frequentar as festas do high society.

Elegante, bom de papo e simpático, logo angariou amizades e começou a participar das rodas boêmias da cidade, fundando, juntamente com Carlinhos Niemeyer, Sérgio Porto, Paulo Soledade e Heleno de Freitas o famoso “Clube dos Cafajestes”.

Por essa época, passou também a publicar pequenas notas na seção “Vozes da Cidade”, do recém-criado jornal Tribuna da Imprensa, e na seção “Zum-Zum” do jornal Vanguarda, ganhando destaque e tornando-se conhecido como jornalista.

As portas então se abriram para o “turco” e ele passou a assinar as colunas sociais da revista Manchete e do jornal O Globo. Foi quando ele criou as listas “das dez mais”: as dez mais belas mulheres, as dez mais elegantes e as dez melhores anfitriãs da sociedade carioca. O resultado era sempre alvo de muita curiosidade, expectativa e também de muita polêmica e disputa.

Esperto e atento aos novos tempos, Ibrahim se inspirou nos famosos colunistas americanos e passou a publicar notas políticas e, principalmente, a tecer comentários sobre as pessoas da alta sociedade que ele frequentava. Com seu estilo leve e irônico e com seu jeito peculiar de escrever, misturando os bordões que ele mesmo criava, tornou-se leitura obrigatória nas altas rodas sociais. Ele passou inclusive a dar conselhos de etiqueta aos “figurões da República”, e a conviver com as personalidades mais famosas do Brasil e do exterior.

Nos anos 50, em parceria com Mário Jardim, compôs algumas músicas que foram gravadas por artistas como Cauby Peixoto, Bill Far, Ester de Abreu e Neusa Maria, tendo sido acusado de plagiar o samba “Decepção”, fato que teve grande repercussão na imprensa da época.

Seu casamento com Maria da Glória Drumond, a Miss Minas Gerais 1949  - que ficou conhecida como Glorinha Sued - , em 1958, foi um dos maiores eventos sociais do ano. Aconteceu em 13 de março de 1958 na Capela da Reitoria da UFRJ. Foi até capa da revista Manchete.

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 " A noiva chegou nervosa e atrasada quase uma hora. O noivo lançou nova moda masculina para casamento: casaca mais curta e calças sem listras. Para a lua de mel ela levou 19 vestidos. E êle 32 ternos. Ficarão na Europa dois meses...
Dom Hélder Câmara celebrou o casamento..."

Ibrahim foi catapultado para a TV, onde passou a comandar na TV Rio o programa “Ibrahim Sued e Gente Bem“, entrevistando famosos, exibindo filmes sobre eventos importantes e tecendo comentários relacionados ao high society.

Em 1965, Ibrahim foi contratado pela TV Globo, onde permaneceu por quase dez anos, apresentando suas colunas ao vivo, sempre com seu estilo irônico e elegante. Em junho de 1974, o programa “Ibrahim Sued Repórter” foi suspenso da grade de programação da Globo devido aos jogos da Copa do Mundo na Alemanha, saindo definitivamente do ar em agosto do mesmo ano. Ibrahim passou então a apresentar um quadro no programa Fantástico, exibido pela TV Globo aos domingos.

O ápice de sua carreira foi a comemoração dos 30 anos de existência de sua coluna, em junho de 1983, em um evento grandioso que contou com a presença de “ tout Rio”. De Roberto Marinho ao General Garrastazu Médici, mais de mil e quinhentos convidados foram prestigiar Ibrahim, com direito a fogos de artifício, passistas de escola de samba, tudo ao estilo Ibrahim, ou seja, grandiosíssimo.

Em 1993, resolveu deixar o jornalismo diário e passou a publicar apenas uma coluna aos domingos no jornal O Globo. 

Ibrahim Sued foi nosso vizinho ilustre no Arpoador, 
 à Rua Joaquim Nabuco, 258 apto 201
quase chegando à avenida Vieira Souto.




Em 1 de outubro de 1995, Ibrahim Sued morreu aos 72 anos, no Rio de Janeiro.



Curiosidades:

  • De 1972 a 1986, Ibrahim Sued publicou 5 livros: 

. “20 anos de caviar”, . “O Segredo do meu Su… Sucesso”, . “Aprenda a receber: Etiqueta, Nova Etiqueta”,. “30 anos de Reportagem” e . “Vida, Sexo, Etiqueta e Culinária (Do Rico e do Pobre).”

  • Em 2004, ganhou uma estátua localizada em frente ao Hotel Copacabana Palace, na Avenida Atlântico, esculpida em bronze pelo artista Marcos André Salles.

  •  foto Estátua de Ibrahim Sued

  • Recebeu, em vida, o título de Professor Emérito do Curso de Jornalismo outorgado pela Faculdade da Cidade do Rio de Janeiro.

  • E também foi homenageado pela Escola de Samba Acadêmicos de Santa Cruz, durante o carnaval carioca de 1985, com o enredo “Ibrahim, de leve eu chego lá“. Clique abaixo e ouça o samba-enredo.

  • Foi capa e entrevista do número 1 do jornal O PASQUIM
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domingo, 1 de setembro de 2019

ZOZIMO BARROSO DO AMARAL



 Rua Prudente de Moraes, 1440 - Ipanema  


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Zózimo Bráulio Barrozo do Amaral, o jornalista carioca da zona sul, Zózimo Barrozo do Amaral (1941- 1997) foi o colunista social de uma época em que a televisão ainda não traduzia para seu público o que acontecia nas grandes praças da moda e do bem viver. Estudou Direito mas não exerceu. Aos 22 anos, vestiu um terno e se apresentou à redação do jornal O Globo para começar a trabalhar como “repórter para assuntos de cidade.” Como tinha tanto a aparência (com olhos azuis cativantes) quanto os modos de gente fina, no ano seguinte foi escolhido para colaborar com Álvaro Americano, então titular da coluna social Carlos Swann. Passado mais um ano, com o pedido de demissão de Americano, Zózimo assumiu o comando da coluna.

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Entre o final dos 50 e o começo dos anos 80, o Rio de Janeiro foi a capital do glamour e do hedonismo. E Zózimo Barrozo do Amaral, seu cronista-mor. Em "O Globo" e no "Jornal do Brasil". a coluna de Zózimo,foi a melhor maneira de estudar o comportamento social do Rio nas últimas décadas do século XX. Suas notas coincidiam com o fim de um tipo de encontro social. O high society começou a sair de casa para se divertir nas discotecas, como as famosas Regine’s e Hippopotamus. Zózimo, pessoalmente, acompanhou esse movimento e, ótimo dançarino, era visto toda noite nesses points. Divertia-se e saía de lá cheio de informação.

A coluna de Zózimo, das mais bem-informadas, noticiava as transformações da sociedade brasileira, antecipando o que viria a acontecer. Em sua coluna também comentava notícias sobre economia e, como editor, foi responsável pelo chamado "Caderno B" e também editorava o "Informe JB".

" Se Jacinto de Thormes renovou o colunismo social 
com um texto sofisticado
se Ibrahim Sued em seguida acrescentou a hard news
Zózimo completou a receita aproveitando-se disso tudo e salpicando-a de ... humor"
                                                            Joaquim Ferreira dos Santos










Em 1969 o audacioso jornalista de vinte e sete anos disse ...

"Está na hora de as pessoas saberem
quem é Zózimo Barrozo do Amaral.”


...e se despediu de O Globo,para assumir uma coluna com seu nome no Jornal do Brasil
e revolucionar a crônica social.


Zózimo era um torcedor do Flamengo. Vibrava com as vitórias.

JB, 5/12/1978



Mas sempre foi  veemente com os erros do clube. Uma vez culpou as cervejas tomadas por Zico no Hippopotamus como responsáveis por um fiasco do jogador numa partida no Maracanã, dois dias depois. Quanto aos outros clubes?  O colunista ignorava solene e desinteressadamente.

Na década de 1970, um relatório do Departamento de Ordem Política e Social, o DOPs, classificava Zózimo Barrozo do Amaral como “lobo que se escondia por trás da pele de cordeiro e do colunismo social.” Os agentes do DOPs simplesmente não conseguiam interpretar corretamente algumas notas das colunas que Zózimo publicou em “O Globo” e no “Jornal do Brasil” – e por isso mandaram prender três vezes um burguês de fino trato sob a alcunha de esquerdista.

Zózimo também renovou os nomes do que se chamava “alta sociedade carioca” e criou um elenco curiosamente diversificado. Destacava também as mulheres que eram simplesmente bonitas, personagens de novas classes profissionais que surgiam.


O Globo, 7/12/1993


Mas estava surgindo um novo dinheiro, e o glamour se perdia. A cidade se transformara: do black-tie à camiseta da feijoada. E Zózimo via esse novo mundo -  não tinha paciência para essa gente -  e recusava convites dos novos ricos. 

Zózimo Barrozo do Amaral foi nosso vizinho ilustre no bairro de Ipanema, na Rua Prudente de Morais, 1440.






O jornalista Zózimo Barrozo do Amaral foi casado duas vezes. Primeiro com a artista plástica Márcia Barrozo do Amaral, e depois com Dorita Moraes Barros. De seu primeiro casamento teve um filho, Fernando.

Zózimo tem seu lugar no Leblon, em uma escultura que o eternizou aos 40 anos de idade. A estátua assinada pelo escultor Roberto Sá, foi inaugurada em 2001 no local de passagem do jornalista, no final avenida Delfim Moreira, no posto 12, em um a praça que leva seu nome.

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Curiosidades

Nas entrevistas, ele dizia ter como meta arrancar a cada manhã pelo menos um riso do leitor na mesa do café. Conseguiu gargalhadas inesquecíveis. Tirava sarro de quem quer que fosse, até mesmo de amigos.

O nome de Zózimo tem aparecido, em meio a grandes grifes da literatura internacional, em antologias de melhores frases de todos os tempos.