quarta-feira, 12 de junho de 2019

LINDA BATISTA


  . Rua Barata Ribeiro, 625 - Copacabana  


Linda Batista (1919-1988) - Florinda Grandino de Oliveira fez muito sucesso como cantora entre os anos 1930 e 1950, mas sucumbiu às mudanças ocorridas no cenário musical na década de 1960. Irmã de outro mito radiofônico, Dircinha Batista, Linda era querida pela alta sociedade e pelos intelectuais, autêntica representante da fase áurea do rádio carioca.


No próximo dia 14 de junho 
comemora-se seu centenário. 

Nasceu em São Paulo, por exigência da avó, que era paulista e muito supersticiosa. Mas cresceu e estudou nos melhores colégios religiosos do Rio de Janeiro. Aos 10 anos começou a aprender violão com o cantor Patrício Teixeira e acompanhava a irmã em apresentações na Casa do Estudante. Aos 17 anos,  por um mal estar, desmaio, de Dircinha, substituiu-a, estreando como cantora no programa que Francisco Alves fazia na Rádio Cajuti, interpretando Malandro, de Claudionor Cruz.  Obteve sucesso, sendo convidada para outras apresentações nessa emissora. Assim começava sua carreira.


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As irmãs Batista, Linda à direita.

Tornou-se crooner da orquestra de Kolman, no Cassino da Urca - onde sucedeu Carmen Miranda, apresentando-se três vezes por noite -  e, em 1937 foi eleita pela 1ª vez Rainha do Rádio, título que manteve por onze anos consecutivos. Em 1938, pela Odeon, lançou seu 1º disco.

Foi atração dos programas de auditório de César de Alencar e Manoel Barcellos. Com um grito de guerra — "Ôba!" — entrava no palco para deliciar seus fãs com sucessos de autores que lançou, como Lupicínio Rodrigues. "Vingança", dele, foi gravada ao final de uma paixão de Linda que durou 15 anos, e "Risque", um presente do amigo Ary Barroso, para quem ela comprou um piano.



Imagem relacionadaCantora predileta do presidente Getúlio Vargas  - na foto ao lado com  Linda e Hermínio Belo de Carvalho - frequentava assiduamente o Palácio do Catete. Ele a chamava de "patrimônio nacional".  Diziam até que seria sua amante. Nunca essa história foi confirmada por ela, apesar da intimidade aparente entre os dois.

Também recebeu da UBC e da SBACEM o troféu Noel Rosa, por gravar exclusivamente música brasileira.

Foi uma das maiores cantoras do samba-canção, fez 29 filmes e excursões ao exterior de muito sucesso com a nossa música, um dos símbolos de uma época de ouro, embalando noitadas regadas a champagne francês e despertando centenas de paixões com seu jeito irreverente, a boca vermelha e "vestidos longos, bordados de canutilhos."


Mas foi se afastando a partir dos anos 1960 das atividades artísticas. E só gravou músicas de carnaval, como o sucesso Quero morrer no Carnaval, de Eurico Campos e Luiz Antônio, em 1961.




Na década de 70, o mercado de discos transformou-se , vozes como as das irmãs Batista perderam a vez. Ainda em 1984, Linda se apresentou no Circo Voador no show "Vozes do Brasil", cantando com Ademilde Fonseca, Moreira da Silva e Isaurinha Garcia. Na ocasião, anunciou que pretendia lançar sua autobiografia, "Catete 317".

Mas depois de tantas glórias, viveu tempos muito difíceis ao lado das irmãs Dircinha e Odete, após a morte de sua mãe, Dona Neném, em 1975. Estrelas da música brasileira na década de 30, esquecidas pelo público foram se desfazendo do patrimônio para o sustento. Três apartamentos foram vendidos, a coleção de joias e os casacos de pele tiveram o mesmo destino.

Linda Batista foi nossa vizinha ilustre em Copacabana na Rua Barata Ribeiro 625, para onde mudou com a mãe e as irmãs em 1953.



Linda Batista voltou ao noticiário em 1985, comovendo todo o país: médicos, bombeiros e policiais a tiraram à força do apartamento de Copacabana, - juntamento com as irmãs Dircinha e Odete - depois que Linda, durante um surto psicótico, tentou agredi-las. Após três meses de internação e tratamento médico, mais magra e livre do alcoolismo e da depressão, Linda deixou a clínica. Depois de recuperadas, no entanto,as irmãs decidiram viver em reclusão absoluta, confinando-se no apartamento da Rua Barata Ribeiro, que já abrigara 200 convidados para feijoadas nos fins de semana dos tempos áureos.

Linda Batista  morreu na madrugada de 17 de abril de 1988, vítima de embolia pulmonar, aos 68 anos, no Hospital Evangélico, na Tijuca.


"'Linda morreu de tristeza, 
abandonada e na miséria".
palavras da cantora Marlene


Uma peça de 1998 - Somos Irmãs - foi grande sucesso nos palcos e uma homenagem às Irmãs Batista (Linda e Dircinha). Estreou em 27 de março no Centro Cultural Banco do Brasil e transferiu-se em julho para o Teatro Ginástico, mantendo sempre lotação esgotada. Nos papéis principais, Suely Franco e Nicette Bruno.


Curiosidades

Em reportagem de 4 de julho de 1983,  





declarou




Um comentário:

Ednardo Benevides disse...

Parabéns pela matéria. Ontem dia 7 foi o centenário da Dircinha. Vou passar em frente ao endereço...ainda não conheço a fachada do prédio. Sucesso!