domingo, 1 de dezembro de 2019

NOEL ROSA

Nesse mês de dezembro, 
aniversário de Noel Rosa
falamos desse Nosso Vizinho Ilustre 
e sua grande intérprete, 
Aracy de Almeida.


  Rua Teodoro da Silva, 392 - Vila Isabel   




Resultado de imagem para noel rosaNoel Rosa - Noel de Medeiros Rosa - (1910 - 1937) , o Poeta da Vila, nasceu num domingo de manhã, no chalé da família, na rua Teodoro da Silva, entre a rua Visconde de Abaeté e a rua Souza Franco. Nasceu de um parto muito difícil e complicado, com problemas na mandíbula, o que lhe marcou as feições por toda a vida.

Adolescente, aprendeu a tocar bandolim de ouvido e tomou gosto pela música. Passou ao violão e cedo tornou-se figura conhecida da boemia carioca. Noel foi integrante de vários grupos musicais, entre eles o Bando de Tangarás desde 1929, ao lado de João de Barro (o Braguinha) e Almirante.

Compositor  e um dos maiores e mais importantes artistas da música no Brasil, em 1929, Noel arriscou as suas primeiras composições, Minha Viola e Festa no Céu, ambas gravadas por ele mesmo. Mas foi em 1930 que o sucesso chegou, com o lançamento do clássico bem-humorado Com que roupa?. Essa música ele se inspirou quando ia sair com os amigos, a mãe não deixou e escondeu suas roupas, ele, com pressa perguntou: "Com que roupa eu vou?"

Cronista do cotidiano, era considerado o "rei das letras" pelo poeta, e parceiro, Orestes Barbosa . Foram 259 composições criadas por Noel. Com certeza as mais belas vieram da sua parceria com Vadico, o paulistano Osvaldo Gogliano. Vadico, mudou-se para o Rio de Janeiro a convite da Casa Edison. Estava dedilhando uma melodia ao piano quando Eduardo Souto, diretor artístico da companhia, chamou Noel Rosa para escutar. O resultado do encontro, ocorrido em 1933, foi Feitio de Oração e outras nove composições criados nos quatro anos seguintes. Feitiço da Vila, Conversa de Botequim, Só pode ser você , Cem mil-réis, Pra que mentir? e Provei.

 Foi para a faculdade de medicina - alegria na família! - mas a única coisa que isso lhe rendeu foi o samba "Coração" - ainda assim com erros anatômicos.
O Rio perdeu um médico, o Brasil ganhou um dos maiores sambistas de todos os tempos.

Noel Rosa foi nosso vizinho ilustre no bairro de Vila Isabel, bairro que Noel nunca conseguiu ficar longe e que era um pouco sua casa. Ele o citou em quatro composições: Eu vou pra Vila, Bom Elemento, Palpite Infeliz e Feitiço da Vila.
No local onde Noel nasceu e morou na rua Teodoro da Silva 392  -  que por mudanças na geografia trocou de numeração várias vezes :inicialmente 30, depois 130 e finalmente 392  - onde hoje existe o Edifício Noel Rosa. Um terreno de 11 metros de frente por 66 metros de fundos onde o chalé da família de  Noel Rosa tinha salas de jantar e visita, 3 quartos, cozinha, dois banheiros e um quintal espaçoso com galinheiro e árvores frutíferas onde brotava limão, araçá,  goiaba, pitomba, abacate, romã e pitanga.



Noel Rosa também morou no bangalô, casa da vó Rita, na mesma rua Teodoro da Silva, mas no número 195. Ficou por lá até 1928, quando a avó morreu.


Genial, tirava até de brigas 
motivo de inspiração. 

Wilson Batista, outro grande sambista da época, havia composto um samba chamado "Lenço no Pescoço", um ode à malandragem, muito comum nos sambas da época. Noel, que nunca perdia a chance de brincar com um bom tema, escreveu em resposta "Rapaz Folgado"

 Deixa de arrastar o seu tamanco 
Que tamanco nunca foi sandália 
Tira do pescoço o lenço branco / 
Compra sapato e gravata 
Joga fora esta navalha que te atrapalha 

Wilson, irritado, compôs "O Mocinho da Vila", criticando o compositor e seu bairro. Noel respondeu novamente, com a fantástica "Feitiço da Vila".

A briga já era um sucesso, todo mundo acompanhando. Wilson retorna com "Conversa Fiada"

É conversa fiada 
Dizerem que os sambas 
Na Vila têm feitiço

Foi a deixa para Noel compor um dos seus mais famosos e cantados sambas, "Palpite Infeliz" . 

Wilson Batista, ao invés de reconhecer a derrota, fez o triste papel de compor "Frankstein da Vila" , sobre o defeito físico de Noel. Noel não respondeu.

Wilson insistiu compondo "Terra de Cego". Noel encerra a polêmica usando a mesma melodia de Wilson nessa última música, compondo "Deixa de Ser Convencido"

OUÇAM  AS MÚSICAS DA POLÊMICA...



Aracy de Almeida e Marília Batista 
disputaram o coração de Noel Rosa como suas intérpretes favoritas.


Marília Barbosa

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Araci de Almeida

 As duas, por sua vez, eram pessoas completamente diferentes. Aracy do subúrbio, Marília de família rica. Aracy, cantora de formação espontânea. Marília, formada em conservatório, que tocava em um violão espanhol e que tinha o sonho de ser concertista.  Gravaram, respectivamente, dez (Aracy) e seis (Marília) músicas de Noel, antes de sua morte. Mas foi à Marília Batista, que depois da morte de Noel Rosa, que D. Marta, a mãe do compositor, deu os manuscritos do filho. Mas Marília Batista entregou-os às mãos de Almirante, que os conservou cuidadosamente.


Primeiro sucesso de Araci de Almeida  em 1936



Primeiro sucesso de Marilia Batista em 1936


Curiosidade

 Noel Rosa foi um namorador, sem pensar em compromissos. E suas paixões renderam belas composições.

Da namoradinha da adolescência Clarinha (Clara Corrêa Neto), para quem Noel Rosa compôs “Não morre tão cedo”; passando poJosefina Teles Nunes (Fina), inspiradora de "Três apitos", uma de suas obras primas. Moça pobre se tornou operária da fábrica de botões “Hachiya”, para manter-se e ajudar a família. Ao fazê-la personagem de seu samba, porém, o poeta preferiu colocá-la como operária de uma fábrica de tecidos; Júlia Bernardes,  conhecida como Julinha, mais velha que Noel, e que atuava em diversos cabarés.Acontece que Julinha era meio chegada a um copo. A paixão não resistiu, mas tal romance inspirou “Meu barracão” e “Cor de cinza”.


O rádio faz história: Lindaura, a mulher de Noel RosaAí Noel conheceu Lindaura , de família tradicional, cuja mãe dona Olinda, a expulsou de casa, após saber que ele a levara a um hotel, afirmando que só a receberia de volta, casada. E Noel teve de se casar. Com o passar do tempo, o casamento forçado ficava mais difícil, e surgiram "Você vai se quiser" e "Cansei de pedir".

Na foto ao lado Noel e Lindaura.

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Mas ninguém, nem mesmo Noel, estava isento de cair nas garras de uma grande paixão. O cupido que flechou profundamente o coração do nosso Poeta da Vila foi Ceci (Juraci Correia de Moraes)  - foto à direita -que conheceu no Cabaré Apolo, na Lapa, enquanto Ceci exercia sua profissão de dançarina.
Nenhuma das outras namoradas de Noel Rosa foi motivo de tantas e tão boas canções como Ceci, a musa inspiradora de “Dama do Cabaré”, "Cidade Mulher", "Pra que mentir", "Cem mil réis", dentre outras.

O casamento de Noel e Lindaura incomodava Ceci.  No auge da sua beleza, recém contratada pelo cabaré Royal Pigalle, engatou um romance com um rapaz ligado ao meio artístico chamado Mário Lago. Tudo isso, aliado a outros acontecimentos como a perda do filho que Lindaura esperava e o agravamento de sua saúde, engendrou uma crise no relacionamento Noel – Ceci.

As brigas e discussões rolavam e a válvula de escape de Noel eram suas criações musicais.
Nesta época Noel fez uma das suas mais ricas composições, “Último desejo”, cujos primeiros versos eternizam o primeiro encontro que teve com Ceci, sendo, também, uma espécie de despedida.







3 comentários:

Thatiana disse...

Fantástico trabalho! Muito interessante o blog.
Vim pelo post do Noel Rosa e já virei fã.

Amauri Carius disse...

Parabéns!!!!
Artigo de primeira categoria.
Abraços.
Prof. Me. A. Ferreira.

Nossos Vizinhos ILustres disse...

Obrigada pelos comentários. São mais de 120 nomes percorrendo o lema UM ENDEREÇO, UMA VIDA, UMA HISTÓRIA.
Convido também a ler ARACI DE ALMEIDA, a grande intérprete de NOEL. https://nossosvizinhosilustres.blogspot.com/2019/11/aracy-de-almeida.html