. Estrada Roberto Burle Marx, 2019 - Barra de Guaratiba
“Nos 110 anos de seu nascimento,
quem sabe iniciamos a recuperação
de parte de seu importante legado carioca”.
Sergio Magalhães
O artista plástico nasceu em São Paulo (1909-1994) , filho de um judeu alemão e de uma pernambucana descendente de franceses. Ainda criança, se mudou com a família para o Rio de Janeiro, onde passou a maior parte da vida e morreu aos 84 anos.
Arquiteto por formação, foi também desenhista, pintor, gravador, litógrafo, escultor, tapeceiro, ceramista, designer de joias e decorador.
Sua infância foi passada no Rio de Janeiro, quando, aos 19 anos, seguiu com a família para a Alemanha, para cuidar de um problema nos olhos que quase lhe custou a visão. Curiosamente, foi lá que ele despertou sua atenção para as artes e para as plantas nativas do Brasil, depois de visitar o Jardim Botânico de Dahlen, em Berlim, onde se integrou à vida cultural da cidade, frequentando teatros, óperas, museus e galerias de arte, travando contato com as obras de pintores como Van Gogh, Picasso e Paul Klee.
De volta ao Brasil, vizinho de Lúcio Costa no bairro carioca do Leme, veio do amigo arquiteto o incentivo para que se matriculasse na Escola Nacional de Belas Artes, que hoje pertence à UFRJ. Ali teve a oportunidade de conviver com outros grandes nomes conhecidos mundo afora, como Oscar Niemeyer e Hélio Uchôa.
Data de 1932 seu primeiro projeto de jardim para a residência da família Schwartz, no Rio de Janeiro, (foto ao lado) a convite dos arquitetos Lucio Costa e Gregori Warchavchik.
Entre 1934 e 1937, ocupou o cargo de diretor de parques e jardins em Recife, onde passou a residir. Nesse período, vinha com frequência ao Rio de Janeiro para assistir as aulas de Candido Portinari e Mário de Andrade, no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal.
Em 1937, retornou definitivamente ao Rio de Janeiro e começou a trabalhar como assistente de Candido Portinari, datando desta época a integração de sua obra paisagística à arquitetura moderna, experimentando formas orgânicas e sinuosas na elaboração de seus projetos.
Burle Marx foi Nosso Vizinho Ilustre em Barra de Guaratiba.
Em 1949, o paisagista adquiriu, junto com seu irmão Guilherme, um sítio de 800.000 m², no Rio de Janeiro - Sítio Santo Antônio da Bica - e por lá existia apenas uma grande plantação de bananas, uma casa antiga de fazenda e uma pequena capela do séc. XVII, dedicada a Santo Antonio. Burle Marx resolveu restaurar as construções e levou para o sítio toda a sua coleção de plantas, que começou quando ele tinha apenas 7 anos. Tudo nesse espaço de 468.500m² foi levado por Roberto Burle Marx, que em companhia de botânicos, realizou inúmeras viagens por diversas regiões do país para coletar e catalogar exemplares de plantas, reproduzindo em sua obra a diversidade fitogeográfica brasileira. Roberto se mudou definitivamente para o sítio em 1973.
Sua obra atinge uma linguagem particular a partir da década de 1950. A tendência para a abstração consolida-se e a paleta muda, passando a incluir muitas nuances de azul, verde e amarelo mais vivos. Em suas telas o trabalho com a cor está associado ao desenho, que se sobrepõe e estrutura a composição. Inspirando-se constantemente em formas da natureza, suas pinturas e desenhos refletem a indissociável experiência de paisagista e botânico
Na década de 1970, tem marcante atuação como ecologista, defendendo a necessidade da formação de uma consciência crítica em relação à destruição do meio ambiente.
O estudo da paisagem natural brasileira é um elemento fundamental nos projetos de Burle Marx. Sua obra tem caráter inovador: trabalha como botânico e pesquisador, realiza excursões pelo país, descobre espécies vegetais, incorpora as plantas do cerrado, espécies amazônicas e do sertão nordestino em suas obras. Inclui em seus parques e jardins elementos arquitetônicos como colunas e arcadas, encontrados em demolições; utiliza ainda mosaicos e painéis de azulejos, recuperando a tradição portuguesa.
O Sítio Santo Antônio da Bica foi doado ao governo federal em 1985, passando a chamar-se Sítio Roberto Burle Marx, e constitui um valioso patrimônio paisagístico, arquitetônico e botânico.
“Obras tombadas de Burle Marx formam um roteiro único
que começa nos jardins do Palácio Capanema,
vai à praça do aeroporto Santos Dumont,
inclui o Parque do Flamengo,
presente monumental que a cidade recebeu
do talento desse artista
e de gestores públicos de grande competência,
chegando, depois, na obra-prima
de mosaicos de pedra portuguesa da Avenida Atlântica, Copacabana, bairro que é a síntese do Rio para o mundo”.
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