Hoje, 1º de maio de 2019,
se vivo fosse,
José de Alencar (1829-1877)
estaria completando 190 anos.
José
de Alencar foi nosso
vizinho ilustre na Tijuca,
na chácara
Castelo,
na Floresta
da Tijuca.
Um palacete inglês, branco e luxuoso, com jardins exuberantes e
pontes de mármore erguido em meio à mata.
Principal
escritor brasileiro da fase romântica, José de Alencar foi também
dramaturgo, jornalista, advogado e político, sendo considerado um
dos maiores representantes da corrente literária indianista. As
principais obras indianistas em prosa de nossa literatura são os
três romances de José de Alencar: “O Guarani”, “Iracema” e
“Ubirajara”.
O
escritor destacou-se no cenário cultural brasileiro com a publicação
do romance "O Guarani", em forma de folhetim, no Diário do
Rio de Janeiro, em 1857, que alcançou enorme sucesso e serviu de
inspiração ao músico Carlos Gomes para compor a ópera “O
Guarani”.
Além
de indianista, José de Alencar escreveu também romances históricos,
regionalistas e urbanos.
O
primeiro romance histórico de nossa literatura foi “As Minas de
Prata”. Escreveu ainda: “A Guerra dos Mascates”, narrativa da
famosa revolução de 1710.
Entre
os romances regionalistas destacam-se “O Sertanejo” e o “Gaúcho”,
que reproduzem costumes típicos e folclóricos dessas regiões.
Os
romances urbanos caracterizam a Corte e o meio social carioca do
Segundo Reinado, como: “A Viuvinha”, “Senhora”, “Lucíola”
e “Encarnação”.
Como
poeta, José de Alencar escreveu “Os Filhos de Tupã”, poema
indianista. E como teatrólogo destacam-se as comédias “Verso e
Reverso”, “O Demônio Familiar” e “As Asas de um Anjo”.
José
Martiniano de Alencar Júnior nasceu em Messejana, no Ceará, no dia
1 de maio de 1829, filho do senador do Império José Martiniano de
Alencar. Aos nove anos mudou-se com a família para o Rio de Janeiro
e, aos 14, foi para São Paulo, onde concluiu o secundário e
ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.
Impressionado
com o sucesso do livro “A Moreninha” de Joaquim Manuel de Macedo,
resolveu que seria escritor, interrompendo os estudos universitários
e iniciando a leitura dos autores clássicos da época, como
Alexandre Dumas, Balzac, Byron, entre outros.
Aos
18 anos, começou a escrever seu primeiro romance "Os
Contrabandistas", que permaneceu inacabado. No ano seguinte,
seguiu para Pernambuco, onde concluiu seu curso de direito na
Faculdade de Direito de Olinda. De volta a São Paulo, levou o
esboço de dois romances históricos: “Alma de Lázaro” e “O
Ermitão da Glória”, que só seriam publicados no fim de sua vida.
Retornando
ao Rio em 1851, José de Alencar exerceu a advocacia e, em 1854,
ingressou no Correio Mercantil, na seção "Ao Correr da Pena",
comentando os acontecimentos sociais, as estreias de peças teatrais,
os novos livros e as questões políticas. No ano seguinte, assumiu
as funções de gerente e redator–chefe do "Diário do Rio",
onde publicou, em folhetim, seu
primeiro romance "Cinco Minutos. No dia
1 de janeiro de 1857, começou a publicar o romance "O
Guarani", em forma de folhetim, logo a seguir editado em livro.
Primeira edição do livro O Guarani
Em
1858, José de Alencar abandonou o jornalismo e ingressou no
Ministério da Justiça, recebendo o título de Conselheiro do
Império, iniciando, ao mesmo tempo, sua carreira universitária como
Professor de Direito Mercantil. Com a morte do pai, entrou para a
política, pelo partido Conservador, elegendo-se deputado pelo Ceará,
reeleito por quatro legislaturas. Defendia um governo forte e
propunha uma abolição gradativa da escravatura. Embora D. Pedro II
não simpatizasse com Alencar, não se opôs a sua escolha para o
Ministério da Justiça do Império.
Caricatura de José de Alencar, quando ministro da Justiça. (Em Revista Ba-Ta-Clan, 29/8/1868)
Em
1870 foi eleito senador pelo Ceará; porém, com os conflitos com o
Ministro da Marinha não foi o escolhido. Voltou para a Câmara, onde
permaneceu até 1877, rompido com o partido Conservador.
Assinatura de José de Alencar
Mesmo
no auge da carreira política, José de Alencar não abandonou a
literatura. Viu suas obras atacadas por jornalistas e críticos.
Triste e desiludido, passou a publicar sob o pseudônimo de Sênio.
Durante toda sua vida procurou trazer para os livros as tradições,
a história, a vida rural e urbana do Brasil. Famoso, a ponto de ser
escolhido por Machado de Assis para patrono da Cadeira nº. 23
da Academia Brasileira de Letras, José de Alencar morreu aos 48
anos, no dia 12 de dezembro de 1877, no Rio de Janeiro, vítima da
tuberculose.
Curiosidades:
1. A chácara
Castelo foi
propriedade do sogro de José de Alencar, Dr. Thomas Cochrane, médico
britânico, um dos introdutores da Homeopatia no Brasil. Alencar foi
casado com a filha mais velha do médico, Georgiana Augusta e tinha o
dobro de sua idade. Ali residiu algum tempo e "escreveu alguns
dos seus livros, entre os quais: Sonhos de Ouro e o Sertanejo. Consta
ainda que aí ele recebeu a visita de Castro Alves, recém-chegado da
Bahia, que lhe trouxe uma carta de recomendação" , segundo
nos contou historiador Gastão Cruls no livro “Aparência do Rio de
Janeiro”, publicado em 1949.
Hoje, o palacete é residência oficial do prefeito da cidade do Rio de Janeiro – no Alto da Boa Vista, na Estrada da Gávea Pequena, s/n – pois, em 1916, juntamente com parte das terras, foi vendido à prefeitura do Distrito Federal por quarenta contos de réis.
2. José
de Alencar e sua prima distante e conterrânea Rachel de Queiroz
foram tema do enredo de 2019 da Escola de Samba União da Ilha do
Governador.
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