segunda-feira, 1 de abril de 2019

MANUEL BANDEIRA



 Avenida Beira Mar, 406  apartamento 409 - Centro  



Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho, nosso poeta
Manuel Bandeira (1886-1968) nasceu no Recife, no dia 19 de abril, e mudou-se para o Rio de Janeiro aos dez
anos, passando por vários endereços na cidade nos bairros
da Lapa, Centro, Santa Teresa e Copacabana.






Em 1924, publicou um de seus mais conhecidos poemas, no livro Dissoluto “Vou-me embora para Passárgada”, obra que está completando 95 anos, mantendo intacto seu frescor.

"...Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada..."


Ouça o próprio poeta recitando o poema.


Escritor, professor, crítico de arte e historiador literário, Manuel Bandeira fez parte da primeira geração modernista de escritores brasileiros. Adepto do verso livre, da língua coloquial, da irreverência e da liberdade criadora, e com uma obra recheada de lirismo poético, seus principais temas foram o cotidiano e a melancolia.

Em 1903, já formado em Letras no Rio de Janeiro, começou a estudar Arquitetura em São Paulo, não concluindo o curso em virtude da fragilidade de sua saúde. Em busca da cura para a tuberculose, morou em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e na Suíça, onde permaneceu por um ano.

De volta ao Brasil, em 1914, dedicou-se à literatura, sua verdadeira paixão. Após anos de trabalhos publicados em periódicos e revistas, teve editado seu primeiro livro de poesias “A Cinza das Horas” (1917).

Nessa obra, merece destaque a poesia “Desencanto” escrita na região serrana do Rio de Janeiro, Teresópolis, em 1912, durante a recuperação de sua saúde:


“Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
– Eu faço versos como quem morre.

Ao tomar posse na Academia Brasileira de Letras, em 1940, para ocupar a Cadeira 24, vaga com a morte do escritor Luís Guimarães Filho e durante a qual usou um fardão emprestado, por ser contra seu uso, Bandeira fez um belíssimo discurso, do qual destacamos o seguinte parágrafo:
"A comoção com que neste momento vos agradeço a honra de me ver admitido à Casa de Machado de Assis não se inspira somente na simpatia daqueles amigos que a meu favor souberam inclinar os vossos espíritos. Inspira-se também na esfera das sombras benignas, a cujo calor de imortalidade amadurece a vocação literária”.
Manuel Bandeira publicou uma vasta obra até sua morte, desde contos, poesias, traduções e críticas literárias, vindo a falecer em Copacabana, na Rua Aires Saldanha, 72, quase esquina da Rua Miguel Lemos, aos 82 anos, em 13 de outubro de 1968, vítima de hemorragia gástrica.



As moradias de Manuel Bandeira nunca deixaram de estar presentes em sua poesia. 


Foi nosso vizinho ilustre 

. em Santa Teresa - num quarto da Rua do Curvelo, nº 53
   (hoje Rua Dias de Barros),  casa já demolida

. na Lapa, na Rua Moraes e Vale, 57,
  onde tinha o curioso número de telefone 2-0399

. no Centro, no Edifício São Miguel, seu local preferido,
   na Avenida Beira-Mar, 406

.em Copacabana, na Rua Aires Saldanha ,72


No Edifício São Miguel, como o pátio do prédio vivia coberto por lixo, 
Bandeira escreveu uma carta-poema para o prefeito da cidade 
na ocasião, Hildebrando de Góis:


"Excelentíssimo prefeito...

Peça vistoria e visita...

É um pátio, mas é via pública

E estando ainda por calçar,

Faz a vergonha da República

Junto à Avenida Beira-Mar "



Edifício São Miguel, 
na Avenida Beira-Mar, 406, Centro do Rio




Edifício Presidente Penna,
na Rua Aires Saldanha nº 72, 
quase esquina da Rua Miguel Lemos.




Curiosidade:
Se você já ouviu o conselho para tocar um tango argentino, em face de um problema sem solução, saiba que o conselho deriva deste verso de Manuel Bandeira:

Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
— Respire.
— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.







Um comentário:

Harlei Cursino Vieira disse...

Estudei muito sobre o Poeta Manuel Bandeira, durante o Curso de Pós-Graduação em Gramática e Produção Textual da Faculdade Cenecista de Brasília, realizado entre 2008 e 2009!