. Avenida Graça Aranha, 145 - Centro
Principal responsável pela descoberta de uma linguagem peculiarmente brasileira em música, Considerado, ainda em vida, o maior compositor das Américas, Heitor Villa - Lobos (1887-1959) compôs cerca de 1.000 obras que contêm nuances das culturas regionais brasileiras, com os elementos das canções populares e indígenas.
Sua mãe queria vê-lo médico, mas influenciado pelo pai, músico amador, já aos 12 anos interessou-se pela intensa musicalidade dos "chorões", representantes da melhor música popular do Rio de Janeiro.Daí que no início dos anos 20, como conseqüência desse envolvimento com o choro, começa a compor um ciclo de quatorze obras, para as mais diversas formações, intitulado "Choros". Aquela música urbana se mescla a modernas técnicas de composição.
O ano de 1915 marca o início da apresentação oficial de Villa-Lobos como compositor, com uma série de concertos no Rio de Janeiro. Na época, casado com a pianista Lucília Guimarães, ganha a vida tocando violoncelo nas orquestras dos teatros e cinemas cariocas, ao mesmo tempo em que escreve suas obras. Mas os jornais publicam críticas contra a modernidade de sua música. Outro instrumento importante na produção musical de Villa-Lobos é o piano, que era tocado por sua primeira mulher, Lucília Guimarães. Ela auxiliou bastante o compositor com correções em suas primeiras obras, já que a formação musical de Lucília era mais sólida que a do marido, que foi, em grande medida, um autodidata.
"Eu não uso o folclore, eu sou o folclore."
(I don't use folklore, I am the folklore.)
Disse Villa-Lobos durante sua turnê pela Europa
Preocupado com o descaso com que a música é tratada nas escolas brasileiras, apresenta um revolucionário plano de Educação Musical à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, que é aprovado. Depois trouxe o projeto, a convite, para o Rio de Janeiro, onde organizou e dirigiu a Superintendência de Educação Musical e Artística que introduziu o ensino da música e do canto coral nas escolas. Com o apoio do então presidente da República, Getúlio Vargas, organiza concentrações orfeônicas grandiosas que chegam a reunir, sob sua regência, até 40 mil escolares, como no "Dia da Independência", o 7 de setembro de 1939.
Aliás, a Era Vargas deu a Villa-Lobos uma grande visibilidade.
Foram publicações, produção de obras patrióticas visando a grande massa brasileira, espelhando o que ele achava: a nação como uma entidade sagrada, e os seus símbolos (entre eles, a bandeira com o lema nacional e o próprio hino nacional) como invioláveis.
Foram publicações, produção de obras patrióticas visando a grande massa brasileira, espelhando o que ele achava: a nação como uma entidade sagrada, e os seus símbolos (entre eles, a bandeira com o lema nacional e o próprio hino nacional) como invioláveis.
Em 1943 realizou a "Cruzada do Canto Orfeônico" no Rio de Janeiro onde o professor de canto orfeônico passou a ser considerado um fomentador de uma nova identidade nacional.
"Era um espetáculo.
Tinha algo de vento forte na mata, arrancando e fazendo redemoinhar ramos e folhas; caía depois sobre a cidade para bater contra as vidraças, abri-las ou despedaçá-las, espalhando-se pelas casas, derrubando tudo; quando parecia chegado o fim do mundo, ia abrandando, convertia-se em brisa vesperal, cheia de doçura. Só então percebia que era música, sempre fora música".
da crônica de Carlos Drummond de Andrade publicada
quando Villa-Lobos morreu
quando Villa-Lobos morreu
Apesar de uma resistência inicial - é o momento da chamada "política da boa vizinhança" praticada pelos Estados Unidos com aliados na 2ª Guerra Mundial -, Villa-Lobos acabou cedendo e aceitando o convite para uma turnê pelos Estados Unidos, em 1944. A partir daí, por lá retorna várias vezes, onde rege e grava suas obras, recebe homenagens e encomendas de novas partituras.
Villa-Lobos escreveu duas trilhas sonoras para o cinema. A primeira, para o filme "O Descobrimento do Brasil" (1937) , de Humberto Mauro. A segunda foi a trilha sonora do filme "A Flor que não Morreu" ("Green Mansions", 1959) , da MGM, de Mel Ferrer, protagonizado por Audrey Hepburn.
Villa-Lobos foi nosso vizinho ilustre no Centro do Rio, quando o endereço era Rua Araujo Porto Alegre, 56, hoje Avenida Graça Aranha, 145,com o telefone 22-2453.
O prédio, hoje comercial, tem uma placa alusiva à moradia do maestro.
Uma curiosidade
As mulheres que influenciaram a arte de Villa-Lobos
Lucília Guimarães foi influência decisiva na formação musical de Villa-Lobos. Um divórcio traumático a relegou ao ostracismo.
Durante uma viagem à Europa, em 1936, o músico Heitor Villa-Lobos surpreendeu sua mulher com uma carta em que pedia o divórcio. Estavam casados havia 22 anos. Ele avisava que não voltaria ao lar. A razão da separação chamava-se Arminda, sua secretária.
Villa-Lobos dedicou a Arminda mais de 50 composições, incluindo a série das Bachianas Brasileiras, sua obra mais conhecida.
Envergonhada por ter sido substituída, Lucília mudou-se para o interior. Foi ser professora de crianças e morreu sozinha em Paraíba do Sul, no interior fluminense, sua terra natal. Não aceitou o divórcio, preservando o sobrenome do marido até o fim da vida.
Durante uma viagem à Europa, em 1936, o músico Heitor Villa-Lobos surpreendeu sua mulher com uma carta em que pedia o divórcio. Estavam casados havia 22 anos. Ele avisava que não voltaria ao lar. A razão da separação chamava-se Arminda, sua secretária.
Villa-Lobos dedicou a Arminda mais de 50 composições, incluindo a série das Bachianas Brasileiras, sua obra mais conhecida.
Envergonhada por ter sido substituída, Lucília mudou-se para o interior. Foi ser professora de crianças e morreu sozinha em Paraíba do Sul, no interior fluminense, sua terra natal. Não aceitou o divórcio, preservando o sobrenome do marido até o fim da vida.
. Na foto acima, Lucília Guimarães (primeira à esq.) com Villa-Lobos (à dir.) numa foto de 1931.
Reproduções da carta em que o maestro pediu o divórcio e de uma partitura com a letra de Lucília
. Na foto à direita, Villa-Lobos e Arminda
No Brasil, na data de nascimento de Villa-Lobos,
dia 5 de março,
dia 5 de março,
é celebrado o Dia Nacional da Música Clássica.
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