terça-feira, 5 de março de 2019

VILLA - LOBOS



  . Avenida Graça Aranha, 145 - Centro  



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Principal responsável pela descoberta de uma linguagem peculiarmente brasileira em música, Considerado, ainda em vida, o maior compositor das Américas, Heitor Villa - Lobos (1887-1959) compôs cerca de 1.000 obras que contêm nuances das culturas regionais brasileiras, com os elementos das canções populares e indígenas.

Sua mãe queria vê-lo médico, mas influenciado pelo pai, músico amador, já aos 12 anos interessou-se pela intensa musicalidade dos "chorões", representantes da melhor música popular do Rio de Janeiro.Daí que no início dos anos 20, como conseqüência desse envolvimento com o choro, começa a compor um ciclo de quatorze obras, para as mais diversas formações, intitulado "Choros". Aquela música urbana se mescla a modernas técnicas de composição.

O ano de 1915 marca o início da apresentação oficial de Villa-Lobos como compositor, com uma série de concertos no Rio de Janeiro. Na época, casado com a pianista Lucília Guimarães, ganha a vida tocando violoncelo nas orquestras dos teatros e cinemas cariocas, ao mesmo tempo em que escreve suas obras. Mas os jornais publicam críticas contra a modernidade de sua música. Outro instrumento importante na produção musical de Villa-Lobos é o piano, que era tocado por sua primeira mulher, Lucília Guimarães. Ela auxiliou bastante o compositor com correções em suas primeiras obras, já que a formação musical de Lucília era mais sólida que a do marido, que foi, em grande medida, um autodidata.

Já bastante conhecido no meio musical brasileiro, empreende viagens à Europa. Na primeira, 1923, começa a entrar no ambiente artístico parisiense através de Tarsila do Amaral e abre seus ouvidos para a música de Igor Stravinsky. Em 1927, o compositor retorna a Paris para uma temporada de três anos, desta vez em companhia de Lucília Villa-Lobos, sua mulher, e ganha prestígio internacional, forte impressão no público e na crítica, ao mesmo tempo em que provoca reações por suas ousadias musicais. No segundo semestre de 1930, Villa-Lobos - a convite - retorna ao Brasil,  e começa uma nova fase.

"Eu não uso o folclore, eu sou o folclore." 
(I don't use folklore, I am the folklore.)
Disse Villa-Lobos durante sua turnê pela Europa

Preocupado com o descaso com que a música é tratada nas escolas brasileiras, apresenta um revolucionário plano de Educação Musical à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, que é aprovado. Depois trouxe o projeto, a convite, para o Rio de Janeiro, onde organizou e dirigiu a Superintendência de Educação Musical e Artística que introduziu o ensino da música e do canto coral nas escolas. Com o apoio do então presidente da República, Getúlio Vargas, organiza concentrações orfeônicas grandiosas que chegam a reunir, sob sua regência, até 40 mil escolares, como no "Dia da Independência", o 7 de setembro de 1939. 

Imagem relacionadaAliás, a Era Vargas deu a Villa-Lobos uma grande visibilidade.

Foram publicações, produção de obras patrióticas visando a grande massa brasileira, espelhando o que ele achava: a nação como uma entidade sagrada, e os seus símbolos (entre eles, a bandeira com o lema nacional e o próprio hino nacional) como invioláveis.
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Em 1943 realizou a "Cruzada do Canto Orfeônico" no Rio de Janeiro onde o professor de canto orfeônico passou a ser considerado um fomentador de uma nova identidade nacional.






"Era um espetáculo. 
Tinha algo de vento forte na mata, arrancando e fazendo redemoinhar ramos e folhas; caía depois sobre a cidade para bater contra as vidraças, abri-las ou despedaçá-las, espalhando-se pelas casas, derrubando tudo; quando parecia chegado o fim do mundo, ia abrandando, convertia-se em brisa vesperal, cheia de doçura. Só então percebia que era música, sempre fora música".

da crônica de Carlos Drummond de Andrade publicada 
quando Villa-Lobos morreu 





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Apesar de uma resistência inicial - é o momento da chamada "política da boa vizinhança" praticada pelos Estados Unidos com aliados na 2ª Guerra Mundial -, Villa-Lobos acabou cedendo e aceitando o convite para uma turnê pelos Estados Unidos, em 1944. A partir daí, por lá retorna  várias vezes, onde rege e grava suas obras, recebe homenagens e encomendas de novas partituras.

Villa-Lobos escreveu duas trilhas sonoras para o cinema. A primeira, para o filme "O Descobrimento do Brasil" (1937) , de Humberto Mauro. A segunda foi a trilha sonora do filme "A Flor que não Morreu" ("Green Mansions", 1959) , da MGM, de Mel Ferrer, protagonizado por Audrey Hepburn. 

Villa-Lobos foi nosso vizinho ilustre no Centro do Rio, quando o endereço era Rua Araujo Porto Alegre, 56, hoje Avenida Graça Aranha, 145,com o telefone 22-2453. 
O prédio, hoje comercial, tem uma placa alusiva à moradia do maestro.




Uma curiosidade
As mulheres que influenciaram a arte de Villa-Lobos

A PRIMEIRA Lucília Guimarães (primeira à esq.) com Villa-Lobos (à dir.) numa foto de 1931. Ao lado, reproduções da carta em que o maestro pediu o divórcio e de uma partitura com a letra de Lucília  (Foto: Divulgação )

Lucília Guimarães foi influência decisiva na formação musical de Villa-Lobos. Um divórcio traumático a relegou ao ostracismo.

Durante uma viagem à Europa, em 1936, o músico Heitor Villa-­Lobos surpreendeu sua mulher com uma carta em que pedia o divórcio. Estavam casados havia 22 anos. Ele avisava que não voltaria ao lar. A razão da separação chamava-se Arminda, sua secretária.
Villa-Lobos dedicou a Arminda mais de 50 composições, incluindo a série das Bachianas Brasileiras, sua obra mais conhecida.

Envergonhada por ter sido substituída, Lucília mudou-se para o interior. Foi ser professora de crianças e morreu sozinha em Paraíba do Sul, no interior fluminense, sua terra natal. Não aceitou o divórcio, preservando o sobrenome do marido até o fim da vida.

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. Na foto acima, Lucília Guimarães (primeira à esq.) com Villa-Lobos (à dir.) numa foto de 1931. 

Reproduções da carta em que o maestro pediu o divórcio e de uma partitura com a letra de Lucília 
. Na foto à direita, Villa-Lobos e Arminda


No Brasil, na data de nascimento de Villa-Lobos, 
dia 5 de março
é celebrado o Dia Nacional da Música Clássica.




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