sábado, 15 de julho de 2017

SÉRGIO PORTO


  . Rua Leopoldo Miguez, 53 - Copacabana  

Resultado de imagem para sergio portoSergio Marcus Rangel Porto - Sergio Porto (1923-1968) - cronista carioca dos melhores, começou sua carreira jornalística no final dos anos 40, depois da passagem pelo Banco do Brasil,  e alcançou a fama por seu senso de humor refinado e a crítica mordaz aos costumes.

Além de jornalista se descrevia como "marido, pescador, colecionador de discos (só samba do bom e jazz tocado por negro, além de clássicos), ex-atleta...".

Sobrinho de Lúcio Rangel, pelas mãos do tio começou a escrever na revista Sombra, e depois alçou vôo próprio nos jornais Última Hora, Tribuna da Imprensa Diário Carioca e também na revista Manchete. Sérgio Porto atuou como redator de programas humorísticos, tanto no rádio e televisão, quanto no teatro. Entre estas participações se destacam os shows escritos juntamente com Nestor do Holanda e Antonio Maria para atores cômicos como Ronald Golias e Chico Anísio, que então iniciavam suas carreiras na televisão. O mais famoso desses shows foi, certamente, Times Square, na TV Rio.

Inspirado no colunista Jacinto de Thormes, pseudônimo de Maneco Muller, precursor do colunismo social no Brasil e criador da listas das As Dez Mais Elegantes,  Sergio Porto, criou Stanislaw Ponte Preta e também "As Certinhas do Lalau", onde cada edição falava de uma musa da temporada. Tudo começou ao ser solicitado para substituir o colunista do jornal ele se recusou, mas aceitou a sugestão, dada por Otto Maria Carpeaux, de usar um pseudônimo para comentar os fatos do dia de maneira crítica, ou mesmo cômica. Inicialmente pensou em Serafim Ponte Grande, o protagonista do livro homônimo de Oswald de Andrade. 

Resultado de imagem para sergio porto e cartolaDaí chegou à solução que até hoje habita o imaginário de quem teve o prazer de ler suas colunas e livros: Stanislaw Ponte Preta como o sobrinho de Tia Zulmira, a anciã do casarão da Boca do Mato, primo do nefando Altamirando e do distraído Rosamundo. Com essa criação, Sérgio, Stanislaw, entrou para o jornalismo como um dos mais mordazes críticos das mazelas de nosso país.

Este seu alter ego, Stanislaw Ponte Preta , o filho que se tornou mais celebre que o pai, nasceu no início da década de 50, na Última Hora. Sérgio, com seu enorme senso de ridículo, era um feroz opositor das chamadas colunas sociais, as precursoras das revistas de famosos da atualidade.

Muitas vedetes e atrizes foram eleitas "certinhas" pela pena do jornalista, como Anilza Leoni, Diana Morel, Rose Rondelli, Maria Pompeo, Irma Alvarez, Carmen Verônica, Zélia Hoffman , dentre 142 selecionadas,  de 1954 a 1968.




Resultado de imagem para febeapá 1a ediçãoSempre muito modesto, mas com seu maravilhoso e imbatível senso de humor, se auto-intitulava “introdutor da grossura na filosofia humorística”. Lançou o FEBEAPÁ - Festival de Besteiras que Assola o País, que tinha como característica simular as notas jornalísticas, parecendo noticiário sério. Era uma forma de criticar a repressão militar. Em um deles noticiou a decisão da ditadura militar de mandar prender o autor grego Sófocles, que morreu há séculos, por causa do conteúdo subversivo de uma peça encenada na ocasião.



Amava os livros e os discos, milhares, que ouvia às vezes enquanto trabalhava, atendendo ao telefone a todo instante, recebendo amigos, contando piadas, e continuando a batucar na máquina, insistindo para que o visitante ficasse, sob a afirmação (verdadeira) de que estava acostumado a escrever no meio da maior confusão.
Era um mestre das frases :

. "Quem dá aos pobres e empresta, adeus!"
. "Mais duro do que nádega de estátua"
. "Em rio de piranha jacaré nada de costas."
. "Mais inútil do que um vice-presidente."
. “Televisão é uma máquina de fazer doidos” 
. "Mais por fora do que umbigo de vedete." 
. "No Brasil as coisas acontecem, mas depois, 
com um simples desmentido, deixaram de acontecer."


Em 1966 compôs o Samba do Crioulo Doido, uma sátira para o Teatro de Revista, em que procurava ironizar a obrigatoriedade imposta às escolas de samba de retratarem nos seus sambas de enredo somente fatos históricos. A composição fez parte do musical Pussy Pussy Cats, uma peça de teatro rebolado escrita por Sérgio Porto, produzido por Carlos Machado. Hoje, a expressão do título é usada, no Brasil, para se referir a coisas sem sentido, a textos mirabolantes e sem nexo.


Outra grande contribuição de Sérgio Porto para a música brasileira foi a redescoberta de Cartola. 

No ano de 1957, Cartola havia desaparecido e trabalhava como lavador de carros e vigia de um edifício no bairro de Ipanema. Então, foi reconhecido por Sérgio, que começou a ajudar o músico a retornar aos palcos e retomar sua carreira.





Carioquíssmo, criado e Nosso Vizinho Ilustre em Copacabana, na rua Leopoldo Miguez, quando sua casa natal foi vendida para uma imobiliária, passou a morar em um apartamento no mesmo endereço, de número 53. Foi casado com Dirce Pimentel de Araújo, com quem teve três filhas: Gisela, Ângela e Solange ( foto acima)




Foto acima foi tirada em 22 de Maio de 1952 no calçadão da Praia do Leme. 
O noivo Sergio Porto, a noiva Dirce, 
de frente Fernando Sabino e de perfil Otto Lara Resende. 
Casaram-se na Igreja Nossa Senhora do Rosário no Leme.



O prédio à Rua Leopoldo Miguez, 53 
construído no mesmo local da casa da família de Sérgio Porto 
e onde continuou a viver.

Uma curiosidade

No seu último caderninho de telefones só encontraram telefones de mulheres, de A a Z. Evidentemente os números não tinham a mesma finalidade. 

Alguns telefones desse caderninho

Anilza Leoni ..........................57- 6911
Aracy de Almeida .................29- 4145
Dercy Gonçalves ...................37- 5051
Iona Magalhães..................... 37- 6214
Marina Montini .....................56- 0344
Norma Bengell ......................37- 1904
Odete Lara .............................47- 9911
Zélia Hoffman .......................36- 5646


6 comentários:

Ricardo de Almeida Rocha disse...

olá. bateu saudade. estudei com a ângela (ou era uma das outras irmãs?) no mallet soares. uma vez fizemos uma redação revolucionária em que o tema "eu no futuro" nós desdobramos, ela fazendo um papel e eu outro, num futuro que seria comum (casaríamos - na redação...) muito bacana. devia ter uns 13, 14 anos, se a idade regula com a minha, pois estávamos na mesma classe. vc a conheceu bem?

Ricardo de Almeida Rocha disse...

ps. meu email é ricardrbrsp@gmail.com

Unknown disse...

Olá Ricardo,
Não conheci pessoalmente nem o Sergio Porto nem sua família. O nosso texto resulta de pesquisa, a partir dos endereços destas personalidades que fazem parte da história do Rio e que o blog vem divulgando desde outubro de 2016. Obrigada por sua leitura.

AJ Caldas disse...

Mais duro que nádega de estátua.
Décadas atrás.
Obrigado

Dagoberto José do Nascimento disse...

Eu tive o privilégio conviver com essa família em Petrópolis RJ. Tenho boas lembranças de todos da família, em particular da Solange e da Ângela com quem eu e minhas irmãs brincávamos mais.

Ana lucia disse...

Eu, fa de sergio porto, estudei, o primeiro semestre da facul// de ciências sociais, com ela.
Qdo soube que a Angela Porto, era filha dele, fiquei feliz, ela parece demais com ele.
Ñ fui amiga.
Só estudamos juntas esse semestre 1973/ UFRJ/ LGO DE SÃO FRANCISCO/RJ