. Avenida Atlântica, 2406 - Copacabana
Personagem de peso da história do Brasil do século XX, responsável por grandes mudanças na arte e na imprensa brasileiras, Assis Chateaubriand (1892-1968), Nosso Vizinho Ilustre de Copacabana, instalou-se no extinto Hotel dos Estrangeiros - na antiga Praça José de Alencar, no Catete - ao chegar ao Rio de Janeiro, transferindo-se, em 1924, para o Hotel Copacabana Palace e, finalmente, para a Vila Normanda, situada na Avenida Atlântica, 2406, uma das mais belas mansões da cidade naquela época, adquirida da família Guinle. Hoje o local abriga um edifício que leva o mesmo nome: Vila Normanda.
...“era um casarão de pedra de três andares,
revestido de madeira entalhada à mão,
com um enorme gramado
e um bosque de coqueiros,
que dava um ar tropical à arquitetura
européia”.
Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, mais conhecido como Assis Chateaubriand ou Chatô, foi jornalista, empresário, mecenas e político, destacando-se como um dos homens públicos mais influentes do Brasil nas décadas de 1940 a 1960. Foi também advogado, professor de direito, escritor, embaixador e membro da Academia Brasileira de Letras.
Nascido em Umbuzeiro, interior da Paraíba, Chateaubriand estudou no Ginásio Pernambucano, em Recife, até os 15 anos, quando ingressou na Faculdade de Direito, onde, mais tarde, lecionaria Filosofia do Direito Romano. Começou sua carreira jornalística, ainda estudante, escrevendo para os jornais "Gazeta do Norte”, “Jornal Pequeno” e “Diário de Pernambuco”.
Em 1915, mudou-se para o Rio de Janeiro, passando a colaborar com o "Correio da Manhã”. Em menos de uma década, assumiu a direção de "O Jornal", embrião da maior cadeia de imprensa do país. Chateaubriand tornou-se dono de um império jornalístico - Os Diários Associados: 34 jornais, 36 emissoras de rádio, uma agência de notícias, uma revista semanal ("O Cruzeiro"), uma mensal ("A Cigarra"), revistas infantis e uma editora.
Foi também pioneiro da televisão no Brasil, criando a TV Tupi em 1950. Os Diários Associados chegaram a possuir 18 estações de televisão.
Simpatizante da Aliança Liberal, Chateaubriand apoiou o movimento revolucionário de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder. Contudo, dois anos depois, seu apoio à Revolução Constitucionalista o levaria ao exílio.
Figura polêmica e controversa, odiado e temido, Chateaubriand foi chamado de Cidadão Kane brasileiro e acusado de falta de ética, por supostamente chantagear empresas que não anunciavam em seus veículos. Seu império teria sido construído com base em interesses e compromissos políticos, incluindo uma proximidade tumultuada e proveitosa com o Presidente Getúlio Vargas, de quem conseguiu a promulgação de uma lei que lhe deu direito à guarda de sua filha Teresa, a qual não teria reconhecido após o nascimento, fruto de um affair com uma jovem de 15 anos. Esta lei ficou conhecida como “Lei Teresoca”.
Com o lema "Deem asas ao Brasil”, lançou e promoveu a Campanha Nacional de Aviação, através da construção de aeroclubes e aeroportos no interior do país, embora fosse um dos representantes da emergente burguesia nacional, assumiu posições favoráveis ao capital estrangeiro.
Com seu espírito inquieto e empreendedor, fundou o Museu de Arte de São Paulo – MASP - em 1947, adquirindo na Europa do pós-guerra uma coleção de obras de grandes artistas europeus, graças à colaboração de Pietro Maria Bardi.
No Museu D´Orsay, em Paris, na exposição Portraits de Cezanne, está a pintura Portrait de madame Cézanne en rouge, comprada por Assis Chateaubruand para o MASP. De 200 pinturas expostas, esta é a única que está em um Museu da América do Sul.
Chatô ficou também conhecido por dar oportunidades e apoio a escritores e artistas desconhecidos em sua época, como Graça Aranha, Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Cândido Portinari.
No Museu D´Orsay, em Paris, na exposição Portraits de Cezanne, está a pintura Portrait de madame Cézanne en rouge, comprada por Assis Chateaubruand para o MASP. De 200 pinturas expostas, esta é a única que está em um Museu da América do Sul.
Chatô ficou também conhecido por dar oportunidades e apoio a escritores e artistas desconhecidos em sua época, como Graça Aranha, Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Cândido Portinari.
Eleito senador pela Paraíba em 1952, e, em 1955, pelo Maranhão, renunciou ao mandato para assumir a embaixada do Brasil em Londres.
Foi o quarto ocupante da Cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras, eleito em 30 de dezembro de 1954, na sucessão de Getúlio Vargas. Entretanto, a maior parte de sua obra não se encontra publicada em livros, e, sim, dispersa em artigos para a imprensa.
Com o tempo, Chateaubriand foi dando menos importância aos jornais e voltando sua atenção para o rádio e a televisão, sempre investindo em novas tecnologias. Na década de 1960, porém, o maior império das telecomunicações do país estava endividado e Chatô sofre uma trombose que o deixa paralisado. Ele passa então a comunicar-se e publicar seus artigos através de uma máquina de escrever adaptada pela IBM.
Chateaubriand morreu em 1968 e foi velado ao lado de duas pinturas: um cardeal de Velázquez e um nu de Renoir, simbolizando, segundo Bardi, as três coisas que mais amou: o poder, a arte e a mulher.
Ao visitar Nova York, em 1946, para receber o prêmio de jornalismo Maria Moors Cabot, concedido pela Universidade de Columbia, Assis Chateaubriand foi fotografado pelo jornal The New York Times que o apresentou como
“ o milionário dono de 28 jornais, 13 rádios, 3 revistas e uma agência de propaganda, uma espécie de Hearst brasileiro”.
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