. Rua Barão de Itambi , 35 - Botafogo
Jornalista e poeta foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras e ocupou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias.
Eleito "príncipe dos poetas brasileiros", pela revista Fon-Fon, em 1907 - a festa foi em 21 de julho - Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac, o carioca Olavo Bilac (1865-1918), autor de alguns dos mais populares poemas brasileiros, é considerado o mais importante de nossos poetas parnasianos.
revista O Malho
"Quero um beijo sem fim,
Que dure a vida inteira
E aplaque o meu desejo
Ferve-me o sangue:
Acalma-o com teu beijo."
Em seu primeiro livro, Poesias, encontram-se poemas famosos, entre eles o soneto Via Láctea - “Ora (direis) ouvir estrelas! ..."
Assinou, também, com os mais variados pseudônimos - entre os quais os de Fantásio, Puck, Flamínio, Belial, Tartarin-Le Songeur, Otávio Vilar, etc - excelentes matérias humorísticas e satíricas na imprensa do tempo do Império e dos primeiros anos da República.
O primeiro registro de Bilac na Confeitaria Colombo foi por ocasião do sexto aniversário da casa, quando faz um brinde registrado pela imprensa. Bilac que com seu grupo de literatos costumava frequentar a Confeitaria Paschoal - desentendeu-se com o gerente, prometendo nunca mais lá botar os pés - transferiu-se com todos os seus amigos da roda , a nata boêmia e literária da cidade, para a Colombo.
Observadores inteligentes, com grande senso de humor e muita criatividade, os literatos boêmios foram os precursores da propaganda rimada e cantada. Olavo Bilac fez muitos versinhos para a Confeitaria Colombo sob o pseudônimo de Puck.
Muita gente ía à Colombo para conhecer poetas e prosadores. Olavo Bilac foi a figura de maior brilho e prestígio literário na Colombo , "gentleman mais que perfeito", Bilac demonstrava a "poesia de viver" até no trajar.
" Os novos perdem o dom da palavra
quando lhe apertam a mão
pela primeira vez
e os velhos falam-lhe
como a um grande mestre"
Luis Edmundo, escritor e cronista da cidade
Ainda que nunca tenha deixado de se considerar um poeta, Olavo Bilac foi mudando suas atitudes e interesses ao longo de sua trajetória profissional. À parte o poeta, Bilac, entretanto, foi um dos mais expressivos jornalistas da virada para o século XX. Durante 20 anos escreveu para a imprensa, seja em pequenos jornais, grandes folhas ou revistas, sempre mostrando um texto marcante e moderno. Em milhares de crônicas, o ourives das palavras mostrou-se também um escritor de notícias.
Olavo Bilac viajava muito, mas sempre que regressava ao Brasil havia festa na Colombo. Ele dizia, aliás, que só se sentia mesmo no Brasil, quando por aqui pisava na Colombo. Por lá chegava às 5 da tarde - O poeta era tão pontual para os diários chás da cinco que os funcionários sempre acertavam os relógios da casa assim que ele chegava. - e preferia uma cadeirinha no canto esquerdo do salão térreo, quando " tomava cajuadas ou inundava-se de Caxambu", segundo o amigo Bastos Tigre.
Da população em geral, entretanto, Olavo Bilac tinha os aplausos, sendo mesmo uma celebridade da Belle Époque. A chegada do poeta parava a confeitaria Colombo, onde era idolatrado.
Eram tempos em que venerava-se o Barão do Rio Branco; aplaudia-se Rui Barbosa; amava-se Olavo Bilac.
No Passeio Público, há um busto em bronze e granito de Petrópolis, de Olavo Bilac, feito pelo artista Humberto Cozzo.
Olavo Bilac faleceu aos 53 anos. Dois anos antes se encontrou, em uma mesa da Colombo, com Carlos Maul e Lima Barreto, amigos da roda, para dali partirem até o cartório do tabelião que lavrou seu testamento. Solteiro, sem herdeiros, Bilac deixou 300 mil réis de vencimentos como Inspetor aposentado, para sua irmã Cora.
Olavo Bilac foi nosso vizinho ilustre de Botafogo, à Rua Rua Barão de Itambi, 35, terreno onde hoje existe o novo prédio da Fundação Getúlio Vargas.
Bilac em seu escritório e nas escadas à porta de sua casa
Uma curiosidade
Martins Fontes, com muita graça e no seu estilo tão próprio, relata no livro Colar Partido um caso curioso, que teve a participação de Bilac e seus companheiros.
"Bilac tinha o gênio da pilhéria. Uma vez fomos à sua casa numa das nossas visitas literárias. Resolvemos fazer-lhe uma farsa e tomamos ares circunspectos. Bilac recebeu-nos sem saber do que se tratava, mas porque tinha o dom divinatório, friamente, interrogou:
– De que se trata, meus caros senhores?
Goulart de Andrade então lhe disse:
– Caro chefe, o nosso partido vem oferecer-lhe a presidência da República, para salvarmos a pátria.
Bilac aceitou o posto de sacrifício. E começamos os trabalhos para a organização do ministério.
A equipe era só de intelectuais:
Coelho Neto – Ministério da Marinha
Thomas Lopes – Ministério das Relações Exteriores
Raymundo Correia – Ministério da Justiça
Goulart de Andrade – Ministério da Aviação
Alberto de Oliveira – Ministério da Agricultura
Luís Delfino – Ministério das Finanças
Gregório Fonseca – Ministério da Guerra
Marcolino Fagundes & Guimarães Passos - Secretários do Presidente
Martins Fontes – Saúde Pública
Leal de Souza – Chefatura de Polícia
Annibal Theophilo – Central do Brasil
Augusto Maia – Instrução Pública
Nélson Líbero – Banco do Brasil
Alcides Maya – Biblioteca Nacional
Henrique de Holanda – Introdutor Diplomático
Bastos Tigre – Instituto Nacional de Música "
Um comentário:
Muito intetessante e nostálgico.
Minha avó também foi vizinha de Bilac.
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