domingo, 26 de março de 2017

CARLOS LACERDA

 . Praia do Flamengo, 224 cobertura -  Flamengo  

O primeiro governador do antigo estado da Guanabara de 1960 a 1965,
Carlos Lacerda ( 1914 - 1977), foi um dos personagens mais controversos da política brasileira.

Considerado um ícone da política nacional por sua presença nos momentos de grandes transformações do século passado, Lacerda não foi apenas um político combatente, mas também um jornalista , empresário  e o grande gestor  que essa nossa cidade teve.

Seu governo no antigo estado da Guanabara destacou-se pela construção de grandes obras que mostraram suas habilidades como administrador. Universalizou o acesso ao ensino primário e chegou a publicar um decreto prevendo processo para os pais que não matriculassem seus filhos na escola. Modernizou a gestão, tornou obrigatório o concurso público, investiu como nunca em saneamento básico, investiu em obras estratégicas, como a estação Guandu, os túneis Rebouças e Santa Bárbara, construiu o Parque do Flamengo. Educação, urbanização e habitação foram as áreas mais beneficiadas, e que até hoje, não por acaso, dão a Lacerda um lugar privilegiado na memória carioca.

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Flamengo, antes só a praia. Depois, o aterro e o parque.

Parque que surgiu do convite de Lacerda à amiga 
arquiteta e urbanista Lota Macedo Soares,
que o idealizou e coordenou o grupo que transformou 
um aterro em uma grande área de lazer. 
Lacerda sempre afirmava 
que ela realizou a obra com dedicação, lealdade e bravura.


Carlos Lacerda foi nosso vizinho ilustre em dois bairros:

Copacabana, à Rua Toneleros, 180
e Flamengo, na Praia do Flamengo, 224.





Foi no endereço de Copacabana que ele, inimigo político declarado de Getúlio Vargas, acabou vítima de atentado a bala na porta do prédio em 5 de agosto de 1954, quando voltava de uma palestra no Colégio São José, na Tijuca. Nesse atentado morreu o major da aeronáutica Rubens Vaz, membro de um grupo de jovens oficiais que se dispuseram a acompanhá-lo e protegê-lo das ameaças que vinha sofrendo. Atingido de raspão em um dos pés, Lacerda foi socorrido e medicado em um hospital. Lá mesmo, acusou os homens do Palácio do Catete, sede do poder executivo, como mandantes do crime.

Um dos líderes civis da Revolução de 1964,  voltou-se porém  contra o Regime Militar, com a prorrogação do mandato do presidente Castelo Branco, que suspendeu as eleições previstas para 1965 e obteve a prorrogação de seu mandato até março de 1967. Segundo Lacerda, a prorrogação do mandato de Castelo Branco levaria à consolidação do governo em uma ditadura militar, o que realmente aconteceu.

Em 28 de outubro de 1966 lançou o movimento político FRENTE AMPLA, através de um manifesto dirigido ao povo brasileiro e publicado no jornal Tribuna da Imprensa.

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Lacerda e JK                                                                              



                                                                                            Lacerda e  Jango   


Com o objetivo de lutar pela “restauração do regime democrático” no Brasil, com a participação dos ex-presidentes Juscelino Kubitschek - exilado em Lisboa - e João Goulart - vivendo no Uruguai - a FRENTE deu início a mobilizações públicas, com comícios. No dia 5 de abril, por intermédio da Portaria nº 117 do Ministério da Justiça, todas as atividades da Frente Ampla foram proibidas e Carlos Lacerda foi cassado pelo Regime Militar.                                                                                   

Em 1965 fundou a editora Nova Fronteira. Escreveu numerosos livros, entre eles O Caminho da Liberdade (1957), O Poder das Ideias (1963), Brasil entre a Verdade e a Mentira (1965), Paixão e Ciúme (1966), Crítica e Autocrítica (1966), A Casa do Meu Avô: pensamentos, palavras e obras (1977). Depoimento (1978) e Discursos Parlamentares (1982) foram compilados e publicados após a sua morte.

Morreu na madrugada 21 de maio de 1977, em uma clínica particular , estranhamente após ter contraído uma gripe comum. Em 20 de maio de 1987, através do decreto federal nº 94.353, teve restabelecidas, post mortem, as condecorações nacionais que foram retiradas e reincluído nas ordens do mérito das quais fora excluído em 1968.

Curiosidades

  • Seu poder de atração residia, essencialmente, na palavra, no talento de orador.
    Em uma carta , Carlos Drummond de Andrade, em 1976, dele diz:
           “Ninguém é indiferente ao charmeur irresistível que você é; mesmo os que dizem detestá-lo, no fundo, gostam de você. Gostam pelo avesso, mas gostam”.
  • Autor de frases memoráveis, e atuais, como
“A impunidade gera a audácia dos maus.”  
"Pobre Brasil este, tão parecido com o estádio do Maracanã: enorme, esburacado; explorado, sempre ameaçado de ruir e onde quase tudo ainda está pôr fazer, inclusive uma limpeza de alto a baixo." 
"A ideia de que tudo é a mesma coisa, de que todos são canalhas e portanto, viva a canalhice, apossou-se do Brasil."


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