UM ENDEREÇO, UMA VIDA, UMA HISTÓRIA.
Os endereços de personalidades brasileiras ou estrangeiras que moraram na cidade do Rio de Janeiro, ao longo dos tempos.
domingo, 26 de fevereiro de 2017
O blog tem como tema nesse mês de FEVEREIRO... o CARNAVAL! A cada semana um nome celebrando a festa!
NOSSOS VIZINHOS ILUSTRES de FEVEREIRO . João de Barro, o Braguinha . Emilinha Borba . Lamartine Babo . Oswaldo Nunes
. Rua Dídimo, 29 - Centro ÔBA! Esse foi o grito que contagiou a cidade... ...e fez conhecido o talento do compositor carioca Oswaldo Nunes (1930-1991).Órfão de pai e mãe, foi criado por instituições de amparo ao menor, aos 13 anos fugiu, e passou algum tempo vivendo na marginalidade no bairro boêmio da Lapa. Depois foi vendedor de balas, engraxate, camelô e artista de rua. Até que começou a frequentar rodas de samba e blocos de carnaval e sentiu que tinha inspiração para compor músicas e talento para cantar. Aos 20 anos compôs seu primeiro samba e teve composições suas gravadas por alguns artistas de sucesso, como Leny Everson. Mas foi em 1962 que compôs para o Bloco Carnavalesco Bafo da Onça aquele que seria seu maior sucesso, o samba Ôba, e que se tornou o hino oficial do bloco e um dos maiores hits do carnaval de todos os tempos. Daí em diante se tornou sinônimo de Bafo de Onça...
... e, popular com outras músicas de grande sucesso e sua forma de interpretar peculiaríssima, cheia de alegria e irreverência.
Oswaldo Nunes morou em vários locais no Centro do Rio. Em especial na lendária Villa Ruy Barbosa, na Rua Dídimo, 29, no Centro do Rio e sua última residência foi um quitinete na Avenida Gomes Freire, 740, apartamento 412, no Rio de Janeiro, onde morreu assassinado.
Villa Ruy Barbosa
A Villa Ruy Barbosa ocupava todo o quarteirão formado pelas ruas Henrique Valadares, Inválidos, Senado e Ubaldino do Amaral.
Existiam casas que estavam voltadas para estas ruas e 3 acessos à parte interna da vila. Um deles, o que interligava a R. Henrique Valadares à R. do Senado, chamava-se Rua Dídimo, o à Rua dos Inválidos que se encontrava com a Rua Didimo, formando um T, e outro que cortava as 3 travessas internas que se chamavam Chiquita, Bem te Vi e Adélia. Nestas travessas haviam 8 ou 10 casas térreas de cada lado, e acima destas casas ficavam os quartos individuais para solteiros. Além de casas para moradia, a Villa Ruy Barbosa possuía: uma lavanderia, um forno
de incineração de lixo, dois armazéns de secos e molhados, um açougue, uma
farmácia, uma carvoaria, um restaurante, uma sapataria. E tudo isso dentro de
uma área arborizada, calçada e iluminada . A melhor época na Villa, para os que lá viveram, era a das festas juninas, onde balões enormes eram soltos fazendo um cenário lindo com as ruas estreitas da Villa. As travessas eram enfeitadas com bandeirinhas e fogueiras eram acesas e, conta-se que Oswaldo Nunes era o assador oficial de batata-doce nas fogueiras.
Esta Villa começou a ser demolida no início dos anos 70, para construção de prédios residenciais, como os 3 prédios que hoje existem na Rua Ubaldino do Amaral.
Uma curiosidade: Onze anos depois de sua morte, a Justiça deu a sentença do espólio do cantor. Em testamento, o sambista deixou um apartamento e todos os seus direitos autorais para o Retiro dos Artistas, no Rio. Belo gesto!
. Rua Jorge Lóssio, 36 casa 2 - Tijuca Lamartine de Azeredo Babo, ou simplesmente Lamartine Babo (1904-1963) o compositor brasileiro, autodidata, autor de valsa, opereta, samba-canção, hinos, marchinhas de carnaval e juninas, músicas maravilhosas que foram do humor refinado e a irreverência ao profundo sentimento. Lalá, como era conhecido, era uma das pessoas mais bem humoradase divertidas de sua época, daí suas letras primorosas nas marchinhas carnavalescas - cantadas até hoje - comoO Teu Cabelo Não Nega, Grau 10, Linda Morena, Cantores do Rádio, Joujou e Balangandãs, Ride Palhaço, História do Brasil - letra consideradaverdadeiro painel surrealista e premonitoriamente tropicalista, que abriu o caminho poético/popular do absurdo que Stanislaw Ponte Preta trilhou mais tarde com o Samba do Crioulo Doido - dentre outras.
Também, quando falamos em futebol é impossível não lembrarmos que Lamartine Babo compôs hinos de 11 clubes cariocas. E tudo começou por acaso, quando ele compôs uma marchinha para o Flamengo no carnaval de 1945, que acabou virando o hino informal do time até hoje. Diante do enorme sucesso. Heber de Boscoli, que fazia o programa ‘Trem da Alegria’ com Lamartine propôs o desafio dele compor um hino por semana para os outros clubes de futebol do Rio. O resultado é que no final da década de 40 todos os 11 times que disputavam o Campeonato Carioca já tinham os seus hinos.
Nasceu na Rua das Violas, atual Teófilo Otoni, no centro da cidade do Rio de Janeiro, depois a família logo mudou-se para o bairro da Tijuca,expulsa do centro da cidade que ingressava na Belle Époque. Já adulto, morou na Rua Frei Caneca, 163 (último andar) e depois em uma vila - existente até hoje - na Rua
Jorge Lóssio, 36 casa 2
Solitário até 1951, casou-se nesse ano com Maria José Barroso, a Zezé, que conhecera num hospital de Petrópolis quando animava doentes cantando e contando piadas, em trabalho voluntário.
Em 1981, no carnaval, só deu Lalá. A escola de samba carioca Imperatriz Leopoldinense conquistou seu primeiro bicampeonato com o enredo "O teu cabelo não nega", de Arlindo Rodrigues, uma comovente e divertida homenagem ao compositor.
No dia 13 de junho de 1963, quando se recuperava de um enfarte sofrido alguns meses antes, Lamartine Babo foi ao Golden Room do Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, assistir ao ensaio de um musical de Carlos Machado inspirado em suas marchinhas de carnaval e que tinha por título a mais famosa delas: O Teu Cabelo Não Nega.
Entrevistado para um telejornal, quis saber se a conversa iria ao ar no mesmo dia.
“Hoje não, porque temos a entrevista de Tom Jobim, que chegou dos Estados Unidos”, respondeu o repórter.
“Ah! Quer dizer que agora eu estou um tom abaixo?”
Foi o último de seus muitos e célebres trocadilhos. Três dias depois, sem ter chegado a ver a estreia do espetáculo, Lalá morria.
Curiosidade...
...é o fato de um dos hinos mais belos não só da carreira de Lamartine como do futebol brasileiro ser plágio.
Na verdade o hino do América foi baseado na música “Row Row Row”, trilha de um musical da Broadway chamado “Ziegfeld Follies”, composta em 1912. Lamartine provavelmente conheceu a música quando o musical virou um filme recheado de estrelas, como Fred Astaire, Judy Garland e Gene Kelly e ganhou o festival de Cannes em 1947.
. Rua Roberto Dias Lopes, 83 apto. 402 - Leme Com vocês, a minha, a sua, a nossa favorita...
Esse foi o bordão de um dos maiores fenômenos de idolatria
da Era do Rádio no
Brasil: Emilinha Borba (1923-2005).
Emília Savana da Silva Borba, a Favorita da MarinhaEmilinha Borba nasceu no bairro da Mangueira, no Rio de Janeiro, e ainda menina, contrariando um pouco a vontade de sua mãe, apresentou-se em
diversos programas de auditório e de calouros, acabando por participar do "Calouros do Ary", onde obteve a nota máxima, interpretando "O X do Problema", de Noel Rosa. Logo depois, começou a fazer
parte do coro da gravadora Columbia. Formou com Bidú Reis (Edila Luísa Reis) a dupla "As Moreninhas,", que gravou para a coleção"Discoteca Infantil", uma das adaptações de João de Barro, o Braguinha, a "A História da Baratinha". Desfeita a dupla, passou a cantar sozinha e foi logo contratada
pela Rádio Mayrink Veiga, recebendo de César Ladeira o título de "Garota Grau
Dez".
Ilustre moradora da Zona Sul carioca, Emilinha morou em alguns endereços entre o Leme o Posto IV.
Emilinha morou na Rua Roberto Dias Lopes, 83 apartamento 402 , Edifício Marquês de Lucena, no Leme, e também nas ruas Assis Brasil e Figueiredo Magalhães, em Copacabana.
o prédio no Leme onde morou Emilinha
A sua carreira começa quando em 1939, foi levada por sua madrinha artística, Carmen Miranda, de quem sua mãe era camareira, para fazer um teste no Cassino da Urca, tendo que aumentar sua idade, por ser menor. Foi Carmen Miranda quem lhe emprestou o vestido e sapatos plataforma.
Foi contratada da Rádio Nacional do Rio de Janeiro durante 27 anos. Lá atingiu o ápice de sua carreira artística, tornando-se a cantora mais querida e popular do país. Seus sucessos eram carnavalescos e de meio de ano. Daí que Emilinha foi a primeira artista brasileira a fazer uma longa excursão pelo país com patrocínio exclusivo do Leite de Rosas. Sua foto, era obrigatória nas capas de todas as revistas e jornais do país. Calcula-se aproximadamente umas 350 capas nas mais diversas revistas nacionais.
O simples anúncio de sua presença em qualquer cidade ou lugarejo do país era feriado local e Emilinha simbolicamente recebia as chaves da cidade e desfilava em carro aberto. Dos concursos populares, que serviam na época como termômetro de popularidade do artista, 99,9% deram vitória a Emilinha Borba, tornando-a a artista brasileira que possivelmente possui mais títulos, troféus, faixas e coroas.
Emilinha já àquela época interagia com seus fãs, amigos e leitores através das colunas Diário da Emilinha, Álbum da Emilinha, Emilinha Responde e Coluna da Emilinha, que assinava em órgãos da imprensa como a Revista do Rádio, Radiolândia e o jornal “A Noite”
No cinema participou dos filmes "Banana da Terra", e em diversos outros filmes clássicos da Atlântida, dentre os quais,
"Laranja da China", "Vamos cantar", " É Fogo na Roupa" e "Aviso aos Navegantes”.
No final dos anos 1960 teve edema nas cordas vocais e, após três cirurgias e longo estudo para reeducar a voz, voltou a cantar. Mas só em 2003 lançou, sem gravadora, um inédito disco solo, o CD "Emilinha Pinta e Borba", com participações de diversos cantores como Cauby Peixoto, Marlene, Ney Matogrosso, Luís Airão, Emílio Santiago, entre outros, vendendo o disco de forma bem popular, na Cinelândia, em contato com o público. E,em 2005, lançou o CD "Na Banca da Folia", para o carnaval.
Outro grande sucesso de carnaval... Can Can no Carnaval
Curiosidades
*Em 1949, devido ao grande sucesso "Chiquita Bacana" , ela passou a ser considerada a
vencedora do concurso de Rainha do Rádio.. Entretanto, Marlene, uma cantora novata, apareceu e venceu
o concurso de forma surpreendente, graças ao apoio da Companhia Antarctica
Paulista. A empresa de bebidas estava prestes a lançar no mercado um novo
produto, o Guaraná Caçula, e, atenta à popularidade da disputa, e querendo usá-la na propaganda de lançamento, deu à Marlene um cheque em branco, para que ela pudesse comprar quantos votos fossem
necessários para sua vitória. Assim, Marlene foi eleita Rainha do Rádio de 1949,
com 529.982 votos.
Desse modo, originou-se a famosa rivalidade entre os fãs de Marlene e
Emilinha, uma rivalidade que, de fato, devia muito ao marketing e que contribuiu
expressivamente para a popularidade espantosa de ambas as cantoras pelo país.
*
*Em 1942, o Cineasta norte-americano Orson Welles estava filmando no Brasil
o documentário inacabado "It's All True" (Tudo é Verdade). Enquanto permanecia
no Rio de Janeiro, Welles iniciou um romance com Linda Batista, que era na época
a cantora mais popular do Brasil e estrela absoluta do Cassino da Urca, até que conhece Emilinha e começa a assediá-la,
prometendo levá-la para Hollywood.
"Não tive caso com Welles. A verdade é que ele se apaixonou por mim, me assediou e não conseguiu. Eu era 'crooner' do Cassino da Urca. Welles estava sempre lá. Conversei umas três vezes com ele. Disse que me faria uma estrela. Não falava inglês e fiquei sem graça diante daquele americano grandão. Foi passageiro".
O anedotário do cassino registra que Linda rasgou o melhor vestido de Emilinha num surto de ciúme.
Desde essa época, Linda e Emilinha nunca mais se deram bem.
Carlos Alberto Ferreira Braga conhecido como Braguinha (1907-2006), e também
como João de Barro, é provavelmente o compositor de carreira mais longa no
Brasil. Sua musicografia completa, inclusive com versões e músicas infantis,
passa dos 420 títulos, uma das maiores e de maior número de sucessos de nossa
música popular.
Carioca da Gávea, filho de um casal de classe média, no Colégio Batista,
conheceu o violonista Henrique Brito, influência marcante em sua vida. Dessa
parceria surgiu, em 1928, o grupo “Flor do Tempo”, que no ano seguinte passou a
chamar-se "Bando dos Tangarás", integrado também por Alvinho, Noel Rosa e
Almirante.
Eclético, suas composições são conhecidas e cantadas por todos os
brasileiros, desde a célebre Carinhoso, em parceria com Pixinguinha, e
especialmente as marchinhas carnavalescas como Pirata da Perna de Pau, Chiquita
Bacana, Touradas de Madri, A Saudade mata a Gente, Balancê, As Pastorinhas,
Turma do Funil, Tem Gato na Tuba, "Yes, nós temos bananas" e A Mulata é a Tal,
dentre outras.
Duas pessoas marcaram especialmente sua carreira: Alberto Ribeiro, seu
maior parceiro, e Wallace Downey, um americano que o introduziu na indústria do
cinema e dos discos. Com Alberto Ribeiro, escreveu argumentos e composições para
a trilha sonora de filmes como "Alô, Alô, Brasil" e "Estudantes", cujo
personagem principal foi interpretado por Carmem Miranda.
Em 1938, passou a fazer dublagens para produções cinematográficas realizadas por Walt Disney, como"Branca de Neve e os Sete Anões”,"Pinóquio" , "Dumbo" e "Bambi".
Em
1938, casou-se com a professora Astréa RabeloCantolino. Com
o nascimento de sua única filha, Maria Cecília, em 1939, dedicou-se
às histórias infantis. Escreveu, adaptou e musicou várias delas,
dentre as quais "Estória de Dona Baratinha", "Os Três
Porquinhos" , A Formiga e a Cigarra"
e "Festa no Céu”.
Se
Maria Cecília chorasse, a historinha não era boa. Se ficasse
contente, o caminho estava certo, pois "o importante é que as
crianças gostem e fiquemfelizes", dizia.
Como
autor de versões, Braguinha se destacou em diversas composições
com parceiros internacionais, como Charles Chaplin em "Luzes da
Ribalta" e "Sorri”, e a versão da "Valsa da
Despedida", tema do filme "A ponte de Waterloo”,juntamente com Alberto Ribeiro.
Um
de seus maiores sucessos internacionais "Copacabana",
composta em 1944, foi gravada por Dick Farney, dois anos depois.
Recebeu várias homenagens em vida, como os espetáculos "O Rio Amanheceu Cantando", na boate
Vivará, em 1975, "Viva Braguinha", na Sala Sidney
Miller, em 1983, e no ano da inauguração do Sambódromo, 1984, foi tema da Mangueira,
escola campeã daquele ano com o samba enredo "Yes, nós temos
Braguinha", com samba deJurandir, Hélio Turco, Comprido, Arroz e Jajá.
Braguinha foi vizinho ilustre na Tijuca, naRua Barão de Pirassununga, 62 . Só foi morar na zona sul na década de 70. Vizinho ilustre de Copacabana, Braguinha e sua mulher viveram num apartamento no oitavo andar de um prédio
na Rua Assis Brasil, 2 apartamento 802, esquina com a Praça Cardeal Arcoverde.
Faleceu aos 99 anos, em 24 de dezembro de 2006. Uma curiosidade: Porque o pai de Braguinha, diretor da fábrica de tecidos Confiança, não gostava de ver o nome da família circulando no ambiente da música popular, mal visto na época, ele resolveu adotar um pseudônimo. Como estudante de arquitetura, na Escola Nacional de Belas Artes, escolheu João de Barro. Nome de um pássaro... arquiteto,