. Av. Atlântica, 1702 - Copacabana
O Réveillon da praia de Copacabana, uma das maiores atrações turísticas do
Rio, reúne em sua orla milhões de pessoas vestidas de branco e irmanadas com o
mesmo sentimento, lançando suas preces e oferendas a Iemanjá. A festa culmina
com o show de fogos de artifício, que teve seu início em 1981, comandada por
Ricardo Amaral, bem em frente ao Hotel Copacabana Palace, ícone da hotelaria
carioca.
Natural, portanto, que para encerrar o tema “Natal e Festas” de dezembro,
nosso olhar se volte para D. Mariazinha Guinle ( 1911 - 1993) que, por tantos
anos, comandou o hotel e nele residia.
Construído por Otávio Guinle, quinto filho de Guilhermina e Eduardo
Palassim Guinle, o emblemático Copacabana Palace Hotel tornou-se um símbolo dos
Guinle e do próprio Rio de Janeiro, ajudando a transformar a praia em que foi
erguido em uma das mais famosas do mundo.
Ocupando quase uma quadra inteira na
Avenida Atlântica, o “Copa”, como é carinhosamente conhecido pelos íntimos, foi
projetado pelo arquiteto Joseph Gire, autor dos projetos de todos os palácios
construídos na cidade pela família Guinle, além do quase finado Hotel
Glória.
Até 1951, Otávio, casado em segundas núpcias com Maria Izabel Rodrigues
Pereira, morou na esquina da Avenida Atlântica com Figueiredo Magalhães, na casa
de praia de sua mãe Guilhermina e que pertencia aos seus irmãos.
Como ele não
era herdeiro, a família se mudou para o hotel, a princípio provisoriamente,
instalando-se na famosa Suíte B, servidos pelo casal de fiéis camareiros
portugueses Cacilda e Artur.
“A casa da Atlântica era um casarão em estilo normando que ocupava um quarteirão, indo da esquina da Rua Figueiredo Magalhães até a Domingos Ferreira. Tinha uma grande piscina de água salgada, construída pelo recato da matriarca Guilhermina, para não ter de se expor indo à praia.” (texto/livro Os Guinle, Clóvis Bulcão)
Foto :Augusto Malta - reprodução
O castelinho da matriarca Guilhermina Guinle, era uma das maiores casas da orla do bairro e ocupava o centro de um grande terreno que ia até a rua Domingos Ferreira.Foi construído na década de 1910 para ser a casa de veraneio dos Guinle, e possuía um belo jardim frontal de frente para a praia.
O castelinho dos Guinle foi demolido nos final dos anos 1940, sendo substituído pelo Edifício Camões, inaugurado em 1952, provavelmente o primeiro grande prédio em volume da Avenida Atlântica.
Edifício Camões
Durante as décadas de 30 e 40, até 1946, o hotel fervilhava e era o centro
dos acontecimentos sociais da cidade. O Golden Room, inaugurado na década de 30
como a primeira casa de espetáculos da América Latina, abrigou artistas
consagrados como Dionne Warwick, Josephine Baker, Ella Fitzgerald, Marlene
Dietrich, Ray Charles e Nat King Cole.
Entre seus hóspedes figuraram membros da realeza, presidentes, astros do
cinema e da música, esportistas, políticos, executivos que visitavam a cidade e
personalidades importantes em vários campos de atuação, nomes como Santos
Dumont, Gene Kelly, Orson Welles, Nelson Mandela, Princesa Diana, Príncipe
Charles e Arturo Toscanini. Seu Livro de Ouro vem sendo assinado por hóspedes
ilustres há oito décadas e o hotel também tem uma galeria de fotos das
principais personalidades que ali se hospedaram.
O primeiro baque veio em 1946 com o fechamento dos cassinos. Com o decreto
do presidente Dutra, o hotel teve de se readequar e perdeu sua base de
sustentação.
Outro grande golpe foi a morte de Octávio, em 1968. O hotel mergulhou em
uma grave crise econômica e dona Mariazinha passou a gerenciá-lo: cortou
despesas e realizou uma grande reforma, pois o hotel precisava de modernização.
E contratou Ricardo Amaral, empresário da noite, para tentar reviver os dias de
glória do Golden Room,
Amaral, conhecido como o rei da noite carioca, resolveu incrementar a festa
com uma queima de fogos nas areias da praia. Nessa primeira edição, em 1981,
cerca de 500 pessoas lotaram o Golden Room para assistir o espetáculo em frente
ao Copa. No ano seguinte, a festa se estendeu ao terraço e ao salão nobre, de
onde quase 1.200 espectadores viram os fogos. Houve um patrocínio e o foguetório
aconteceu também no Leme, onde o empresário Mario, da churrascaria Marius, se
somou à empreitada, e no Posto 5, com a adesão de outros hotéis da orla.
Em 1983, a festa começou a atrair a cidade para lá. Ricardo Amaral se
encarregou da festa até 1988, quando a prefeitura do Rio assumiu sua
organização.
Foi o início do Réveillon de Copacabana e sua famosa queima de fogos de
artifício, conhecido e reverenciado internacionalmente.
O hotel não sucumbiu à especulação imobiliária e foi
preservado até hoje, e pertence à cadeia Orient Express, desde 1989.
Curiosidade:
Em 1933, o Copacabana Palace foi utilizado como referência de cenário para o
filme “Flying down to Rio”, um marco cinematográfico no qual pela primeira vez
dançaram juntos Fred Astaire e Ginger Rogers.
2 comentários:
Boas informações.
Quanta historia bonita tem nosso país....uma pena assistirmos o que acontece hoje...
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