
O blog tem como tema nesse mês de NOVEMBRO,
o Dia da Consciência Negra.
A cada semana um nome celebrando a data.
NOSSOS VIZINHOS ILUSTRES de NOVEMBRO
UM ENDEREÇO, UMA VIDA, UMA HISTÓRIA. Os endereços de personalidades brasileiras ou estrangeiras que moraram na cidade do Rio de Janeiro, ao longo dos tempos.
Alfredo da Rocha Vianna, o Pixinguinha (1897-1973). O apelido era no diminutivo, mas ele foi superlativo em sua trajetória. Compôs algumas obras-primas da música carioca, foi virtuoso na flauta e no saxofone, destaque regendo orquestras, liderando grupos de choro, ou criando admiráveis arranjos.
A importância de Pixinguinha para o chorinho é a mesma da de Tom Jobim para a bossa nova, ou seja, ele sistematizou o ritmo e lhe deu novos contornos, muito avançados para a época.Mas sua genialidade não foi bastante para derrubar o preconceito racial.Como escreveu o flautista Altamiro Carrilho no livro Os sorrisos do choro, Pixinguinha contou a ele a história da composição Lamento.
A clássica interpretação do conjunto MPB4, em 1977, para a composição LamentoEm 1928, Os Oito Batutas fizeram enorme sucesso na França, o que teria levado o jornalista Assis Chateaubriand a convidar o grupo para uma homenagem em um hotel do Rio de Janeiro. Mas foram obrigados, pelo racismo vigente, a entrar pela porta dos fundos pois não se aceitava que negros entrassem pela porta principal. A reação de Pixinguinha foi repetir a palavra lamento algumas vezes e Donga, seu companheiro de grupo, sugeriu que compusesse uma música com esse título na qual, trinta anos depois, Vinicius de Moraes colocou a letra.
Um parênteses:Os Oito Batutas foi conjunto de choro formado por Pixinguinha na flauta, Donga e Raul Palmieri no violão, Nelson Alves no cavaquinho, China no canto, violão e piano, José Alves no bandolim e ganzá e Luis de Oliveira na bandola e reco-reco. Criado para apresentar-se no Cine Palais, o conjunto tornou-se uma atração maior que os próprios filmes.Daí que começaram a apresentar-se em festas em casas da alta sociedade e com patrocínio de Arnaldo Guinle, os Batutas viajaram a Paris em 1922Radamés Gnattali considerava Pixinguinha “o único gênio da música popular brasileira”. Sua música traz a criatividade , a sensibilidade, a capacidade de extrair o melhor de cada instrumento e fazer com que todos sejam parte de um formidável todo.
A primeira gravação de Carinhoso ainda não tinha a letra que Braguinha só escreveu em 1936, quando a atriz e cantora Heloísa Helena participava de uma peça teatral na qual queria cantar uma música. Ela foi uma das poucas pessoas que tinham adorado o choro "Carinhos". Assim, pediu ao compositor João de Barro, o Braguinha, que pusesse uma letra naquela canção. Braguinha pediu autorização a Pixinguinha e dois dias depois a tarefa foi concluída.Vinte anos depois da música. Aliás, letra que foi considerada avançada demais pr’aquela época.
2016: 100 anos da melodia e 80 anos da letra de Carinhoso.
Em 1937 a canção foi oferecida a dois medalhões do cancioneiro popular, Carlos Galhardo e Francisco Alves, os quais não se entusiasmaram em gravá-la. Sobrou a tarefa para Orlando Silva que já estava ficando um cantor famoso e a gravou, trocando o nome " Carinhos" para“Carinhoso”.Pouco tempo depois "Carinhoso" virou prefixo musical de Orlando Silva. Em 1966 ganhou uma interpretação de Elis Regina que também se tornou um clássico.
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