domingo, 27 de novembro de 2016

PIXINGUINHA


 . Rua Pixinguinha, 23 - Ramos  

Resultado de imagem para pixinguinhaAlfredo da Rocha Vianna, o Pixinguinha (1897-1973). O apelido era no diminutivo, mas ele foi superlativo em sua trajetória. Compôs algumas obras-primas da música carioca, foi virtuoso na flauta e no saxofone, destaque regendo orquestras, liderando grupos de choro, ou criando admiráveis arranjos.
A importância de Pixinguinha para o chorinho é a mesma da de Tom Jobim para a bossa nova, ou seja, ele sistematizou o ritmo e lhe deu novos contornos, muito avançados para a época.
Mas sua genialidade não foi bastante para derrubar o preconceito racial.
Como escreveu o flautista Altamiro Carrilho no livro Os sorrisos do choro, Pixinguinha contou a ele a história da composição Lamento. 
Em 1928, Os Oito Batutas  fizeram enorme sucesso na França, o que teria levado o jornalista Assis Chateaubriand a convidar o grupo para uma homenagem em um hotel do Rio de Janeiro. Mas foram obrigados, pelo racismo vigente, a entrar pela porta dos fundos pois não se aceitava que negros entrassem pela porta principal. A reação de Pixinguinha foi repetir a palavra lamento algumas vezes e Donga, seu companheiro de grupo,  sugeriu que compusesse uma música com esse título na qual, trinta anos depois, Vinicius de Moraes colocou a letra.
A clássica interpretação do conjunto MPB4, em 1977, para a composição Lamento 
Um parênteses:
Os Oito Batutas foi conjunto de choro formado por  Pixinguinha na flauta, Donga e Raul Palmieri no violão, Nelson Alves no cavaquinho, China no canto, violão e piano, José Alves no bandolim e ganzá e Luis de Oliveira na bandola e reco-reco.  Criado para apresentar-se no Cine Palais, o conjunto tornou-se uma atração maior  que os próprios filmes.Daí que começaram a apresentar-se em festas em casas da alta sociedade e com patrocínio de Arnaldo Guinle, os Batutas viajaram a Paris em 1922
Radamés Gnattali considerava Pixinguinha “o único gênio da música popular brasileira”. Sua música traz a criatividade , a sensibilidade, a capacidade de extrair o melhor de cada instrumento e fazer com que todos sejam parte de um formidável todo. 
A primeira gravação de Carinhoso ainda não tinha a letra que Braguinha só escreveu em 1936, quando a atriz e cantora Heloísa Helena participava de uma peça teatral na qual queria cantar uma música. Ela foi uma das poucas pessoas que tinham adorado o choro "Carinhos". Assim, pediu ao compositor João de Barro, o Braguinha, que pusesse uma letra naquela canção. Braguinha pediu autorização a Pixinguinha e dois dias depois a tarefa foi concluída.Vinte anos depois da música. Aliás, letra que foi considerada avançada demais pr’aquela época. 
2016: 100 anos da melodia e 80 anos  da letra de Carinhoso.
Em 1937 a canção foi oferecida a dois medalhões do cancioneiro popular, Carlos Galhardo e Francisco Alves, os quais não se entusiasmaram em gravá-la. Sobrou a tarefa para Orlando Silva que já estava ficando um cantor famoso e a  gravou, trocando o nome " Carinhos"  para“Carinhoso”.
Pouco tempo depois "Carinhoso" virou prefixo musical de Orlando Silva. Em 1966 ganhou uma interpretação de Elis Regina que também se tornou um clássico.


Pixinguinha foi Nosso Vizinho Ilustre em alguns bairros cariocas. Aqui destacamos três:

Até 1911 Pixinguinha morou com a família em  um casarão de oito quartos e quatro salas, na Rua Vista Alegre, logo apelidado de '' Pensão Vianna '' -  no bairro do Catumbi - pois estava sempre cheia de gente. Um detalhe: Pixinguinha costumava dizer que a pensão ficava na Rua Vista Alegre, mas contou ao pesquisador Almirante que o endereço era, na realidade, Rua Eleone de Almeida, nº 27.


As dificuldades financeiras fazem que Pixinguinha e Betty (esposa) tenham que se mudar novamente, desta vez para Inhaúma, mais especificamente para o Conjunto Residencial dos Músicos, bloco 10, apartamento 101. Pixinguinha agora é vizinho de antigos companheiros de samba, como Bide e Bucy Moreira. Nas cercanias da nova residência, a Confeitaria Deise é eleita seu novo “escritório”, mas só nos fins de semana… De segunda a sexta, as idas ao Gouveia continuam sagradas


Pixinguinha na frente do Conjunto dos Músicos.

Mas foi em uma rua do subúrbio carioca de Ramos, seu endereço famoso, onde o músico morou durante 29 anos, a antiga Rua Belarmino Barreto atual Rua Pixinguinha. Por lá, tinha o hábito de sentar na cadeira de balanço, se inspirar e tocar.

Resultado de imagem para pixinguinha na cadeira de balanços

Curiosidades
  • Certa madrugada, quando voltava de uma apresentação, Pixinguinha foi cercado por assaltantes. Durante o assalto, os ladrões reconheceram o músico e devolveram seu dinheiro e flauta. Ainda como pedido de desculpas, resolveram escoltá-lo até sua casa. No entanto, no meio do caminho, desta vez não havia uma pedra e, sim, um botequim. O episódio terminou em samba, cerveja .
  • O Dia do Choro, comemorado em 23 de abril, é uma homenagem ao dia do nascimento do compositor, arranjador, regente e instrumentista.
    Aliás, pesquisa recente do Intituto Moreira Sales revelou documentos sobre uma nova data de nascimento de Pixinguinha, que seria 4 de maio de 1897.

Um comentário:

Thatiana disse...

Poderia ter feito um comentário sobre a morte, na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema.