sábado, 14 de julho de 2018

NELSON RODRIGUES



  . Avenida Atlântica, 720 - Leme   

Também neste mês do escritor, vamos falar de outro vizinho ilustre  do bairro do Leme que por lá morou de frente pro mar: Nelson Rodrigues (1912-1980)


Foi o jornalista, escritor que revolucionou o teatro brasileiro ao explorar a vida cotidiana do subúrbio carioca, com diálogos carregados de tragédia e humor. Pernambucano, veio criança pro Rio de Janeiro e com 13 anos já trabalhava como repórter policial no jornal “A Manhã”, o jornal fundado por seu pai. Os muitos anos nessa atividade lhe deram vasta experiência que usou para escrever suas peças teatrais.

O sucesso veio em 1943, com Vestido de Noiva, sua segunda peça, direção de Ziembinsky, montada no Theatro Municipal, que marcou o surgimento do teatro brasileiro moderno.

Evangelina Guinle, conhecida como Lina Grey, Stella Perry e Maria Barreto Leite,
na montagem de 1943

“Perdoa-me Por Me Traíres”, “Boca de Ouro”,“O Beijo no Asfalto”, “Bonitinha, Mas Ordinária”, “Toda Nudez Será Castigada”, “A Dama do Lotação” são alguns dos títulos que compõem seu universo das peças.

A partir de 1962 começou a escrever crônicas esportivas onde expôs sua paixão pelo futebol e pelo seu time, o Fluminense.

"Ele não entenderia por que os locutores de hoje na televisão,
em meio à leitura compenetrada do que vai pelo mundo,
abrem imediatamente um sorriso infantil
quando passam às notícias de futebol. Será que acham o futebol um show divertido?
Para Nelson Rodrigues, qualquer pelada era um drama.
O futebol nos textos de Nelson Rodrigues é a tragédia,
o horror, o sofrimento e a compaixão.
A vitória consagra, mas logo é esquecida.
Para Nelson, as partidas históricas eram as que doíam na alma."   
 Joaquim Ferreira dos Santos 


Meu personagem da semana  foi a coluna de Nelson Rodrigues,  de grande sucesso, no jornal O GLOBO


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Nelson ainda fez história na televisão brasileira. Participou de mesas-redondas, com comentaristas como Luis Mendes e João Saldanha e pioneiro na teledramaturgia brasileira, ao escrever, para a TV Rio, a novela "A Morta Sem Espelho". Tinha Fernanda Montenegro como protagonista e Sergio Brito como diretor. A novela entraria no ar às sete horas da noite, mas a censura fez com que a trama fosse exibida às 11 horas da noite, o que trouxe um grande prejuízo para a audiência.

É autor de muitas expressões próprias como cretino fundamental , grã-finas das narinas de cadáver, o padre de passeata, o gravatinha,  tubarão de piscina, o brasileiro sentado na sarjeta chorando lágrimas de esguicho, o óbvio ululante e o Sobrenatural de Almeida. E, também, de pensamentos personalíssimos, como

   . Eu sou anticomunista desde os onze anos. E assumo minhas posições, mesmo quando, hoje, o intelectual virou esquerda porque essa é uma maneira de o sujeito ser inteligente, de ser atual, de ser moderno e, principalmente, de se banhar na própria vaidade.

  .  Quando você vê as fotografias das passeatas - como é óbvio eram passeatas das classes dominantes - repare que não havia um preto. Não vi uma cara de operário, uma cara de assaltante de chofer, uma cara de entregador de pão. Nada disso. Tudo era gente bem plantada.

  .  Outra descoberta minha é que há épocas de débeis mentais, como esta em que vivemos. Só conheço o marxista de galinheiro, não excluindo o próprio Karl Marx, que também é marxista de galinheiro.
Nelson Rodrigues foi casado três vezes e teve seis filhos.


Curiosidade

Adorava cinema. Para ele a maior atriz , Greta Garbo e o maior ator, Charles Chaplin.
Dizia,

"Ainda não vi "bang-bang" ruim",
" tenho nostalgia de filme de vampiro" 


"Gosto pra burro da opereta da Metro".




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