domingo, 1 de julho de 2018

CLARICE LISPECTOR



  . Rua Gustavo Sampaio, 88 - Leme   


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Nascida na Ucrânia, Clarice Lispector ( 1920 - 1977) veio recém-nascida para o Brasil e sua família se fixou, primeiramente, em Maceió, e, posteriormente, no Recife. A casa em ruínas naquela cidade pertence à Santa Casa de Misericórdia e fica ao redor da Praça Maciel Pinheiro, onde há uma estátua da autora. O imóvel foi visitado recentemente por Benjamin Moser, o ensaísta norte-americano, autor da premiada biografia “Why this world: a biography of Clarice Lispector” e organizador da coletânea “Contos Completos” (Complete Stories), que promoveu a autora nos Estados Unidos, reacendendo o interesse por sua obra.



“Clarice parece inalcançável. 
Gostamos tanto de olhar suas fotos 
porque elas nos fazem sentir
mais próximos dela. 
Ela parece ter sempre um poder 
sobre nossa imaginação”. 
Benjamin Moser

Em depoimento a Moser, Ferreira Gullar descreveu seu espanto ao vê-la pela primeira vez:
“seus olhos amendoados e verdes, as maçãs do rosto salientes, ela parecia uma loba – uma loba fascinante”.

Seu primeiro romance “Coração Selvagem” foi publicado em 1934 e sua última obra, “A Hora da Estrela”, publicado em 27 países, data de 1977, ano de seu falecimento. Sua trama traça as dificuldades da retirante nordestina Macabeia, que tenta sobreviver no Rio de Janeiro. É o título também de um filme de sucesso, dirigido por Suzana Amaral e estrelado por Marcela Cartaxo, uma atriz quase desconhecida. “Toda mulher tem sua hora de estrela”. Esta é a síntese do livro e do filme. Sucesso de público e de crítica.

Mulher de um diplomata, Clarice acompanha o marido em vários postos no exterior, tendo morado na Inglaterra, nos Estados Unidos e na Suíça. Ao se separar do marido, em 1959, retorna ao Rio de Janeiro com os dois filhos e começa a trabalhar no Correio da Manhã, assinando a coluna Correio Feminino. No ano seguinte, transfere-se para o Diário da Noite, como titular da coluna “Só para Mulheres” e lança o livro de contos “Laços de Família", que recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro. Em 62, “A Maçã no Escuro” é aclamado o melhor livro do ano.

Clarice Lispector  foi nossa vizinha ilustre em vários endereços pela cidade do Rio de Janeiro:

1936 .........................  Rua Mariz e Barros, 258
1939.........................   Rua Lúcio de Mendonça ( atual Alberto Sabin) 36,
                                    casa 3 - Tijuca

1940.........................   Rua Silveira Martins, 76, casa 11
1943.........................   casa-se e muda-se para Rua Santa Clara, 403
1959.........................   Rua General Ribeiro da Costa, 2 apto 301
última residência......   Rua Gustavo Sampaio, 88

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escritório do apartamento da Gustavo Sampaio

Para sua biógrafa, Teresa Monteiro, Clarice vivenciou há quarenta anos questões atuais como a luta pela igualdade das mulheres, que revelam sua posição de vanguarda: era a única mulher na redação do Jornal do Brasil nos anos 90, e uma das poucas alunas mulheres na Faculdade de Direito. De volta ao Brasil, cuidou dos filhos sozinha, em uma época em que o divórcio não era aceito.

Homenageada durante a FLIP de 2005 e também durante a de 2016, Clarice recebeu importantes prêmios por sua obra, como o Carmen Colores, pelo romance “A Maçã no Escuro”, o Calunga, pelo livro infantil “O Mistério do Coelho Falante” e o da Fundação Cultural do Distrito Federal, pelo conjunto de sua obra. A obra da escritora permanece viva 40 anos após sua morte

Segundo Guimarães Rosa, “ a obra de Clarice é uma leitura para a vida e não para a literatura”.

“O que eu sinto eu não ajo.
O que ajo não penso.
O que penso não sinto.
Do que sei sou ignorante.
Do que sinto não ignoro.
Não me entendo
E ajo como se me entendesse.” 
Clarice Lispector

Em cada detalhe de sua obra, podemos perceber sua busca pelas questões universais. É essa a motivação que inspira novos leitores a desvendar seus mistérios, seja por meio dos livros relançados ou montagens de peças inspiradas em suas obras.

Em 2015, Clarice foi capa de alguns dos principais suplementos literários do mundo, como o “New York Book Review”.

Curiosidades:
. Outra moradora ilustre ocupa hoje o mesmo apartamento da Gustavo Sampaio: Zezé Mota.
. A estátua de Clarice encontra-se no Leme, na Praça Julio de Noronha, obra do escultor Edgar Duvivier, e retrata Clarice sentada em um banco, ao lado de seu amado cão Ulisses


“Comprei Ulisses quando meus filhos saíram de casa porque precisava amar outra vez uma criatura viva”, dizia a escritoraResultado de imagem para clarice lispector
Clarice e Ulisses, o último amigo, na vida e na escultura


. Nunca perdoou Tom Jobim, que lhe prometeu uma música, e não fez.

. Gostava de contar e de ouvir piadas, era impaciente, e, também por isso, costumava “furar filas”, na maior “cara-de-pau” mesmo, em cinemas, agências bancárias, ou aonde quer que fosse. 

. Vaidosa, nunca quis revelar a idade em entrevistas e muito menos em sua lápide. O filho Paulo, em respeito aos caprichos da mãe, obedeceu. Mas se as datas procedem, Clarice virou uma estrela resplandecente no céu (para os admiradores sempre foi) um dia antes de celebrar 57 anos, em 9 de dezembro de 1977.



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